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Folha de S. Paulo (Campinas)

Novo reitor quer tornar Unicamp mais internacional (1 notícias)

Publicado em 05 de maio de 2009

O médico Fernando Ferreira Costa, 58, que toma posse no dia 17 como novo reitor da Unicamp, afirma que pretende tornar a universidade mais internacional, ampliando a realização de intercâmbios. Segundo ele, a meta é aumentar os atuais quase 10% de alunos com alguma experiência de intercâmbio para cerca de 30% nos próximos quatro anos.

Costa, que tem pós-doutorado na Universidade de Yale, nos EUA, foi admitido como professor na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp em 1990. Lá, já exerceu cargo de diretor e é professor titular em hematologia e hemoterapia. Veja trechos da entrevista concedida à Folha ontem.

FOLHA - Quais seus principais projetos para a universidade?

FERNANDO COSTA - A Unicamp é uma das mais importantes instituições de inovação e produção de patentes. Do que nós precisamos é incrementar de maneira significativa o intercâmbio com universidades do exterior, em número de alunos de graduação, pós-graduação e docentes. Entendemos que essa troca de experiências é importante. Queremos adotar isso visando que a Unicamp se transforme, nos próximos cinco, dez anos, numa universidade comparada às melhores do exterior.

FOLHA – As ofertas feitas por universidades particulares a professores dificultam esse objetivo?

COSTA – As universidades públicas no Brasil, em especial Unicamp, USP e Unesp, têm condições de atratr os melhores profissionais em todas as áreas. Não tenho dúvida. Nosso desafio é dar condições para eles ensinem, pesquisem e façam extensão. Há ainda o apoio de instituições como a Fapesp.

FOLHA - Há alguma meta?

COSTA - Em relação à internacionalização, no momento, menos de 10% dos alunos tiveram algum grau de intercâmbio. O nosso objetivo é chegar a 30%.

FOLHA - Alguma universidade de outro país serve como parâmetro?

COSTA - Existem organizações que se preocupam em fazer classificações. O que nós pensamos é que a Unicamp é uma das melhores e mais produtivas do Brasil. Se a gente conseguir incrementar ainda mais essa qualidade, podemos colocar a Unicamp entre as 50, cem melhores do mundo. Ela está entre a 100ª e a 200ª numa classificação do "The Times". Mas essas classificações são controversas.

FOLHA - A universidade seguirá não participando do Enade [exame para alunos do ensino superior]?

COSTA - Esse tipo de decisão é sempre tomada por órgãos institucionais. A Unicamp participava das edições antigas do Provão, mas, nessa nova avaliação, como a USP, não participou porque os órgãos colegiados entenderam que alguns parâmetros não estavam de acordo com o que a Unicamp entendia por adequado. Por exemplo, em vez de uma amostra, a Unicamp defende que todos os estudantes deveriam participar.

FOLHA - Como vê a discussão sobre a adoção do Enem como vestibular em universidades federais?

COSTA - A Unicamp tem uma tradição interessante no vestibular, que prioriza a criatividade e potencial de aprendizado. No momento eu sou a favor da manutenção como está.

FOLHA - A crise afeta as universidades?

COSTA - O orçamento é baseado no percentual de arrecadação do ICMS. A universidade observa com cautela a economia, analisando seu orçamento a cada três meses. Mas já percebemos uma redução drástica.

FOLHA - Há alguma alteração, ampliação prevista nas ações afirmativas para alunos de escolas públicas?

COSTA - O conselho universitário analisa sempre como está o desempenho dos alunos que entram dessa forma. As análises mostram que o mecanismo é bom. Não há nenhuma mudança prevista no momento.