A chegada de um poeta à presidência da Fapesp não deve mudar as prioridades de investimento. 'A filosofia é mantermos o equilíbrio macro, nos grandes gêneros e entre áreas, de modo que a agência continue a atuar na linhas mais tradicionais, de atendimento à demanda espontânea e com capacidade de atuar também na formulação de grandes programas', diz Carlos Vogt.
Na semana passada, professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP protestaram, em coro com os alunos, contra os baixos investimentos da Fapesp na área de humanas. 'Eles dizem que não foram contemplados, mas foram', rebate o novo presidente.
Objetivamente, diz ele, basta olhar os números. A área de ciências humanas e sociais está entre as que mais recebem recursos da Fapesp. No ranking de 2001, ficou em quarto lugar, com 9,73% dos investimentos, ou exatos R$ 56.196.076.
'Mais do que isso não posso dizer, não tenho detalhes, acabei de chegar.' Mas acrescenta: 'É minha área, quero trabalhar para que cresça, desenvolva, tenha projetos.'
A crítica sobre o destino dos investimentos da Fapesp não se restringe a sociólogos ou historiadores. A biologia tem grande peso no orçamento da fundação. Primeira da lista, recebeu em 2001 quase R$ 117 milhões, ficando com 20,25% do bolo. Mas, ao contrário do que se pensa, a Fapesp não coloca todas as suas fichas nos projetos que envolvem genoma.
Eles ficam, no máximo, com 6% dos investimentos, de acordo com dados divulgados. O diretor científico José Fernando Perez costuma dizer que o público em geral tem essa impressão por que os estudos sobre o código genético de plantas, animais e pessoas atraem curiosidade e ganham manchetes, ao contrário de outros assuntos mais áridos para os leigos.
O governo do Estado de SP destina por lei 1% de sua arrecadação para o orçamento da Fapesp. Além disso, a agência conta com fundos vindos de investimentos, uma forma de manter o equilíbrio nas contas em tempos de vacas magras.
Na comemoração dos 40 anos de sua fundação, no começo do mês, o presidente FHC presenteou-a com a doação do terreno do Ceagesp. Além de possivelmente abrigar museus, ou 'lazer científico', como denominou Vogt, o terreno servirá de fonte de recursos para a fundação. 'Vamos discutir projetos, como integrá-los dentro dos planos diretores da municipalidade', afirma.
(O Estado de SP, 24/6)
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