A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA) reconsiderou sua avaliação sobre o etanol de cana-de-açúcar. A agência admitiu que, em relação à gasolina, o produto brasileiro reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 61% - e não em 26%, como estabeleciam os cálculos anteriores. Os novos cálculos, que levaram a EPA a caracterizar o etanol brasileiro como "biocombustível avançado" - o que é um passo importante para a abertura do mercado dos Estados Unidos para o produto do Brasil - tiveram base em um novo modelo econométrico desenvolvido no Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) e pelo Instituto de Pesquisa em Políticas Alimentares e Agrícolas (Fapri), dos Estados Unidos.
De acordo com o diretor-geral do Icone, André Meloni Nassar, os modelos anteriormente utilizados pela EPA para calcular a capacidade de redução de emissões dos biocombustíveis não levavam em conta a realidade brasileira, em especial no que diz respeito à modificação do uso da terra pelo aumento da demanda de produção de etanol.
Segundo ele, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) teve papel fundamental na intermediação política necessária para que a EPA aceitasse a contribuição dos pesquisadores brasileiros na construção de um modelo adequado.
Em contrapartida, o modelo brasileiro forneceu elementos técnicos que deram à Unica os argumentos necessários para influenciar a decisão da EPA. Nassar coordena o Projeto Temático Imulating land use and agriculture expansion in Brasil: food, energy, agroindustrial and environmental impacts, realizado no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), com o objetivo de aprimorar o modelo brasileiro.
Engenheiro agrônomo graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), Nassar é doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP em negócios e comércio internacional.Foi assessor econômico da Sociedade Rural Brasileira, pesquisador sênior do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa) e pesquisador visitante da Universidade de Georgetown, em Washington (Estados Unidos). Atualmente é consultor e pesquisador em projetos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial e outras organizações internacionais.
Informações da Agência FAPESP.