Jean Leandro dos Santos, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara é um dos autores que acaba de receber um aceite para publicação de artigo em uma das revistas de maior prestígio da Química Medicinal, The Journal of Medicinal Chemistry, que faz parte do rol das revistas da American Chemical Society com fator de impacto de 6,259.
O trabalho, financiado com recursos da FAPESP, foi tema de bolsa de dois alunos de doutorado e um projeto jovem pesquisador de responsabilidade do professor Fernando Pavan. Envolveu ainda pesquisadores dos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e Itália.
O artigo relata a descoberta de um novo candidato a fármaco para tratamento da tuberculose ativa, não somente contra formas sensíveis, mas também contra formas resistentes. Um dos diferenciais do trabalho é encontrar um novo antimicobacteriano ativo contra formas resistentes e latentes.
Nos estudos in vivo, foi observado o extermínio da micobactéria do pulmão de camundongos infectados, demonstrando o potencial efeito bactericida dos compostos, que não demonstraram toxicidade, constituindo assim, uma nova alternativa ao tratamento da doença. Estudos iniciais de mecanismo de ação sugerem interferência no processo de síntese de proteínas
“Cabe lembrar que a tuberculose é considerada pela OMS a doença infecciosa com maior mortalidade no mundo, superando até mesmo a infecção por HIV”, aponta o pesquisador da Unesp. “Os dados são bastante promissores, e a divulgação deste projeto financiado pela FAPESP pode abrir perspectivas à área de novos fármacos para tuberculose, por isso são de ampla importância à comunidade. A publicação já está liberada para divulgação porque essas moléculas foram patenteadas pela Unesp”, acrescenta.
Jean Leandro dos Santos destaca a importância da pesquisa sob diversos aspectos, como a questão da patente, a interdisciplinaridade da pesquisa, o envolvimento de diversos países e o efeito antituberculose.
O pesquisador explica ainda que a terapia contra micobactéria resistente é ainda muito escassa e muitos pacientes ainda morrem por conta da resistência, que torna os fármacos ineficazes.
“Neste aspecto, o composto foi ativo contra tuberculose resistente a múltiplos fármacos. Em animais, a molécula esterilizou os pulmões, eliminando totalmente o bacilo dos pulmões. Este efeito não é conhecido para nenhum dos fármacos na terapia”, afirma o professor da FCF. Ele ainda destaca que o efeito esterilizante foi obtido em monoterapia, sem a associação de fármacos – usualmente usados no tratamento. “A descoberta pode representar avanços e contribuir com o desenvolvimento de novos fármacos”, conclui.
Com informações da Unesp