A grande maioria dos ataques do coração pode ser prevista por nove fatores, muito fáceis de serem medidos e que são os mesmos para praticamente todas as habitantes do planeta, não importando a região ou grupo étnico ao qual pertençam.
A conclusão é de uma pesquisa feita por instituições canadenses com 29 mil pessoas, em 52 países.
O grande estudo, chamado de Interheart, foi apresentado no domingo (29/8), em conferência da Sociedade Européia de Cardiologia, na Alemanha, por Salim Yusuf, da Universidade McMaster, no Canadá, que coordenou o trabalho. Os resultados serão publicados na edição de 11 de setembro da revista The Lancet.
Os pesquisadores verificaram que os dois mais importantes fatores de risco são o fumo e uma proporção anormal de lipídios sanguíneos (apolipoproteína B/apolipoproteína A1), que juntos representam dois terços do risco global de infartos.
Os outros fatores são: pressão alta; diabetes; obesidade; estresse; baixo consumo de frutas e vegetais; falta de exercícios físicos. O nono ponto encontrado foi o do consumo regular de pequenas doses de álcool, hábito considerado pelo estudo como 'modestamente protetivo'.
Em todo o mundo, esses nove fatores somados correspondem a mais de 90% dos riscos de ataques do coração, segundo a pesquisa.
O estudo, um dos mais abrangentes já feitos, envolveu dois grupos: o primeiro com 15.152 indivíduos que tiveram o primeiro infarto e o segundo com 14.820 outros sem problemas cardíacos.
Para cada pessoa do primeiro grupo, foi escolhida outra do segundo com mesma idade e gênero e que morava na mesma cidade no momento da pesquisa.
Segundo os envolvidos, trata-se do primeiro estudo de grande dimensão feito para examinar se os fatores de risco para infartos teriam um impacto similar ou não em grupos diferentes ao redor do mundo.
A pesquisa incluiu 7 mil europeus ou descendentes, 2 mil latino-americanos, 6 mil chineses, 6 mil representantes de outros países asiáticos, 3,5 mil árabes e 1,4 mil africanos.
Segundo Yusuf, o líder da pesquisa, acreditava-se anteriormente que apenas metade dos riscos poderiam ser previstos, mas os resultados mostraram que a proporção é muito maior, aproximando-se da totalidade.
'Esses fatores de risco prevêem a grande maioria dos riscos em virtualmente cada região, grupo étnico, homem, mulher, idoso ou jovem. Isso sugere que a mensagem de prevenir doenças cardiovasculares pode ser muito simples e muito parecida em todo o mundo', disse em comunicado da Universidade McMaster.
'O mais notável é que isso significa que somos capazes de prevenir a maioria dos ataques do coração prematuros.'
O estudo Interheart foi financiado pelos Institutos de Pesquisa em Saúde do Canadá e outras 38 instituições e empresas, além de ter recebido apoio da Organização Mundial de Saúde e da Rede Internacional de Epidemiologia Clínica.
(Agência Fapesp, 2/9)
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