As árvores nas ruas das cidades proporcionam inúmeros benefícios, mas podem também representar perigo para os moradores, se não receberem o acompanhamento e o manejo adequado. Para auxiliar as prefeituras de todo o país - responsáveis pela gestão desse importante patrimônio - estão surgindo modernas ferramentas que utilizam tecnologias inteligentes, extremamente úteis para tornar os trabalhos mais ágeis e eficientes.
O uso de tais recursos torna- se ainda mais importante nos grandes centros urbanos, quando as prefeituras não dispõem de colaboradores suficientes para atender às demandas da população, o que aumenta as situações de risco. Para se ter uma ideia, em São Paulo, onde existem cerca de 650 mil árvores plantadas nas vias públicas, registrou-se a queda de mais de 4 mil exemplares em 2017, representando o aumento de 25% em relação ao ano anterior, causando danos a pessoas, prejuízos às propriedades e interrupções em serviços essenciais. Atento a essa situação, um grupo de pesquisadores, liderado por Marcelo Machado Leão, diretor da Propark Paisagismo e Ambiente Ltda., de Piracicaba, com o apoio da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), está desenvolvendo um software que avaliará os riscos de queda de indivíduos arbóreos e de suas partes.
O projeto conta também com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e está na Fase 2 do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas. O sistema permite a gestão do patrimônio arbóreo, incluindo a tomada de decisão pelos técnicos encarregados de cuidar da arborização urbana com maior objetividade e eficiência, definindo o tipo de manejo necessário e a urgência da intervenção. Por meio de matrizes matemáticas amparadas em metodologias internacionais, calcula os riscos apresentados pelas árvores e orienta detalhadamente os procedimentos nas diferentes contingências.
O software, em fase final de desenvolvimento, também orienta o planejamento das atividades de manutenção, facilitando a rotina de trabalho da equipe operacional encarregada do manejo da arborização urbana. "Não se pode esquecer que as árvores são seres vivos, com determinado tempo de vida, que podem adoecer, ou ser afetadas por condições ambientais inadequadas e a Tecnologia de Informação pode contribuir para embasar o seu manejo", diz Marcelo. Além de coordenar os trabalhos de desenvolvimento do software, o pesquisador está realizando experimentos de identificação de árvores por radiofrequência (RFID), atualmente em testes conjuntos com a Prefeitura de São Paulo.
O sistema prevê a inserção de um dispositivo na árvore, que funciona com a leitura do microchip, gerando uma codificação única, que não se repete no mundo. Com o uso desse dispositivo, o técnico encarregado da arborização pode monitorar as árvores, verificando e identificando o histórico de cada exemplar arbóreo. Essas ferramentas tecnológicas permitem o acompanhamento do desenvolvimento das árvores ao longo do tempo e reduzem os erros nas tomadas de decisão sobre o manejo.
"Tais novidades estão sendo testadas e adaptadas às condições das prefeituras, de maneira que a sua aplicação possa ser ágil, eficiente e ao mesmo tempo reduzir os custos com estudos, projetos e ações de campo, melhorando o atendimento aos munícipes e possibilitando o maior controle das inseguranças jurídicas," explica. Segundo Marcelo, no futuro próximo, esses produtos provenientes dos avanços da Tecnologia da Informação devem se tornar imprescindíveis também no Brasil, como ocorre nos países desenvolvidos, trazendo maior eficiência na gestão da arborização urbana e permitindo que as árvores continuem a prestar os importantes serviços para a melhoria do ambiente e da qualidade de vida para a população urbana em um cenário mais seguro.