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Jornal do Commercio (RJ)

Novartis: lucro em 2004 chegou a US$ 5,8 bilhões

Publicado em 21 janeiro 2005

As vendas líquidas do laboratório suíço Novartis fecharam em US$ 28,2 bilhões no ano passado, 14% a mais que em 2003, o que coloca a indústria entre as cinco maiores farmacêuticas do mundo. O lucro líquido foi de US$ 5,8 bilhões em 2004, 15% superior ao do ano anterior, performance que fez o lucro por ação aumentar 16%, passando de US$ 2,03, em 2003, para US$ 2,36, em 2004.
Os resultados foram anunciados ontem na matriz em Basiléia (Suíça), pelo presidente do Conselho de Administração e presidente-executivo da companhia, Daniel Vasella.
O lucro operacional foi de US$ 6,5 bilhões, 11% a mais que em 2003, desempenho atribuído em grande parte à expansão dos produtos da divisão farmacêutica. Do total das vendas, US$ 18,5 bilhões (ou 65%) foram gerados por essa divisão, liderada pelas linhas para tratamento de câncer (oncologia) e sistema cardíaco (cardiovascular).
Os demais 35% (US$ 9,7 bilhões) do total de vendas foram obtidos pela divisão de produtos de consumo (consumer health), liderada pelas linhas de medicamentos de venda livre (OTCs) e nutrição clínica.
A participação no mercado global de "health care" aumentou, atingindo 4,5% nos primeiros 11 meses de 2004, comparado a 4,42% no mesmo período do ano anterior, de acordo com a avaliação da IMS Health.
Por regiões, as vendas líquidas nos Estados Unidos responderam por 40% do total do grupo; as da Europa por 36% e as das demais regiões do mundo por 24%. O Novartis investiu US$ 4,2 bilhões, ou 14,9% das vendas líquidas, em pesquisa e desenvolvimento de 4 3 novas moléculas.

Floresta do País é fonte de remédios
A Novartis aposta na floresta tropical brasileira como fonte para o desenvolvimento de remédios. A empresa planeja a exploração, com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), de novas substâncias a partir da biodiversidade do País. O projeto será submetido à avaliação do presidente Lula ainda este ano.
Em 2004, as vendas de remédios da Novartis no mercado brasileiro cresceram 20%, o melhor resultado nesta década. Ainda assim, o presidente da companhia, Daniel Vasella, manda um alerta ao Governo: o Brasil precisa dar garantias de que as patentes de remédios não serão quebradas para que o País possa receber investimentos de peso.
Sem tais garantias, o laboratório suíço se limita a anunciar novos investimentos no Brasil apenas para a produção de genéricos, e não de medicamentos que dependam de proteção de propriedade intelectual. Para Vasella, o Brasil não está entre os países mais amigáveis em relação ao setor farmacêutico, por causa da quebra de patentes. "O Brasil não pode querer atrair investimento em pesquisa e desenvolvimento e ao mesmo tempo expropriar", disse o executivo.
Vasella reconhece que, em casos de crises no setor da saúde, leis precisam ser flexibilizadas para que um Governo atenda aos pacientes. Mas para isso, as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) já seriam suficientes.
O executivo manifestou apoio ao programa brasileiro de garantir remédios aos pacientes, mas acredita que o País, diante de seu crescimento em 2004, pode já pagar pelos custos da entrega de medicamentos a vítimas da aids. "O País nunca foi tão bem macroeconomicamente como no ano passado", disse.