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Nova tecnologia está sendo testada contra câncer no cérebro (24 notícias)

Publicado em 04 de junho de 2022

Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo novas tecnologias para ajudar a combater o glioblastoma multiforme, o tipo mais agressivo de câncer, responsável por 60% de todos os cânceres cerebrais e quase 25% dos tumores cerebrais não metastáticos. O estudo foi publicado na revista Revista Internacional de Farmacêutica.

Nanotecnologia, quimioterapia e um anticorpo monoclonal, três tecnologias diferentes, foram combinadas por cientistas para desenvolver novos tratamentos; o nanocarreador, resultado da combinação, é capaz de atingir o cérebro, se ligar às células tumorais e liberar um quimioterápico contendo docetaxel e bevacizumabe. Os testes, realizados pela primeira vez em camundongos, demonstraram eficácia em células isoladas e em modelos animais.

A abordagem, se totalmente desenvolvida e aprovada, pode mudar a forma como os tipos agressivos de câncer são tratados, além de trazer melhores chances de recuperação para os pacientes, mesmo com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Tem sobrevida média de apenas 14 meses. Um dos fatores no prognóstico é o fato do glioblastoma multiforme ser capaz de formar seus próprios vasos sanguíneos de forma rápida, o que fortalece seu desenvolvimento em organismos humanos e animais, esse processo é conhecido.

O farmacêutico-bioquímico Leonardo Di Filippo comentou sobre os desafios do processo: “Por [o tumor] localizado no cérebro, há uma dificuldade adicional: tomar medicamentos da barreira hematoencefálica [estrutura que filtra a passagem de substâncias para o sistema nervoso central] e perto dele”.

Para solucionar o problema, o membro do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), outros pesquisadores da Unesp, da Universidade Federal de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (The USP ) incorpora um poderoso quimioterápico, o docetaxel, em um carreador lipídico nanoestruturado, permitindo que ele passe pela barreira hematoencefálica.

O anticorpo monoclonal bevacizumab também está associado ao carreador para inibir o fator de crescimento endotelial (VEGF), a proteína do câncer que desencadeia a angiogênese. A proposta, em geral, é criar uma fórmula que possa entrar no cérebro, atingir especificamente o tumor e depois destruí-lo com quimioterapia, sem afetar outras células cerebrais. “O desenvolvimento deste sistema, com esta aplicação, é uma inovação”, disse Marlus Chorili, professor da Unesp e coordenador do projeto, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Testes

Os camundongos foram usados ??para testar novos compostos contra glioblastoma multiforme. (Foto: Reprodução/Visão Digital)

Os testes foram realizados em seis grupos diferentes de camundongos, todos inoculados com células de glioma (um tipo de câncer semelhante ao glioblastoma): um grupo recebeu tratamento placebo; um com docetaxel sozinho; o terceiro recebeu apenas o nanocarreador, sem docetaxel ou bevacizumabe; o quarto recebeu um nanocarreador contendo bevacizumabe, sem docetaxel; o quinto recebeu tratamento baseado em nanocarreadores com docetaxel, mas sem bevacizumabe; e este último recebeu um nanocarreador contendo docetaxel e bevacizumabe.

Após 15 dias de tratamento observou-se que apenas os dois últimos grupos tiveram resposta positiva à terapia. O grupo que recebeu o nanocarreador contendo apenas docetaxel, mas sem anticorpo monoclonal, teve redução de 40% no número de cânceres, enquanto o composto contendo docetaxel e bevacizumabe obteve redução de 70% no número. “Este é um número muito importante para obras desta classe”celebrando Chorili.

Testes em células de glioblastoma isoladas e em células saudáveis ??também foram bem sucedidos. O nanocarreador foi capaz de eliminar cinco vezes mais células cancerígenas, comparado ao uso do docetaxel sozinho, sem afetar as células saudáveis ??ou piorar os índices de biomarcadores como albumina e creatinina. , indicando que a toxicidade não foi amplificada. “Se como as pesquisas continuam mostrando resultados positivos contra o glioblastoma multiforme, podemos tentar encontrar parcerias para realizar ensaios clínicos com voluntários.”, explicou Chorili.

O pesquisador destacou ainda que, embora os experimentos tenham resultados animadores, é uma linha de pesquisa com muitos anos de estudo pela frente, mas o estudo, sem dúvida, confirma o potencial dos nanocarreadores no combate a cânceres.