Pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) desenvolveram uma metodologia com inteligência artificial que automatiza a análise da qualidade de sementes. Atualmente, este controle é feito manualmente por analistas do Ministério da Agricultura.
Na pesquisa, os cientistas usaram duas tecnologias baseadas em luz para obter imagens, a fluorescência de clorofila e a reflectância multiespectral. Eles analisaram sementes de tomate e de cenoura produzidas em diferentes países e épocas e submetidas a condições distintas de armazenagem.
A clorofila presente na semente é um marcador de qualidade. A substância ajuda a fornecer energia para o armazenamento de nutrientes (lipídios, proteínas e carboidratos) importantes para o desenvolvimento.
A autora principal Patrícia Galletti explica que quanto menos clorofila residual presente, “mais avançada a semente está no processo de maturação, mais nutrientes ela tem e maior a qualidade. Se há muita clorofila, ocorre o inverso: a semente ainda está imatura e tem menor qualidade”.
Os pesquisadores também desenvolveram a metodologia reflectância multiespectral, em que um equipamento com luzes de LEDs que emitem luz em comprimentos de onda na faixa visível e não visível ao olho humano (ultravioleta e infravermelho próximo).
As sementes têm proteínas, lipídios e açúcares que absorvem parte da luz emitida e refletem outra parte. A luz refletida é capturada pelo equipamento, que registra a imagem. Esta passará por uma segmentação, que consiste na separação das sementes do suporte onde estão posicionadas no equipamento.
Quanto maior a concentração de um determinado nutriente na semente, menos vai ser refletido em um comprimento de onda específico. Quanto menos nutrientes, maior será a reflectância.
Durante o desenvolvimento do projeto, os pesquisadores também descobriram que as tecnologias de fluorescência de clorofila e multiespectral são úteis para o avaliar um lote de sementes e evitar prejuízos econômicos.
“O produtor pode comprar um lote de sementes esperando que as plantas apresentem um determinado desempenho, mas, se as sementes com características genéticas diferentes não forem bem separadas, a produção será impactada”, disse a pesquisadora.
** Com informações da Agência Fapesp