Não só países de primeiro mundo se destacam na área de pesquisas clínicas. Pesquisadores brasileiros têm mostrado que no País também e possível desenvolver estudos de interesse mundial. O Hospital do Câncer, em São Paulo, é um bom exemplo disso.
Em parceria com o Instituto Ludwig e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo que permite analisar lesões e detectar precocemente as que têm possibilidade de se transformar em uma neoplasia e consequentemente, em tumor de estômago.
O valor dessa pesquisa já foi reconhecido. Ainda neste mês, a técnica será capa da revista Câncer Research, da Associação Americana para Pesquisa do Câncer. O estudo utilizou amostras de tecido de 149 pacientes do hospital — 99 com gastrite, 25 com metaplasia intestinal e 25 com câncer de estômago — e recorreu à técnica de microarrays, lâminas que permitem comparar o DNA para determinar o perfil molecular dos tumores e tecidos pré-cancerosos.
"A técnica mede comparativamente a expressão gênica, testando milhares de genes", explica Fernando Soares, diretor do Departamento da Anatomia Patológica do Hospital do Câncer.
Segundo Soares, dos pacientes com gastrite, uma porcentagem desenvolverá a metaplasia intestinal, mas a grande maioria não terá problema algum. Entretanto, em algumas pessoas ela se transformará em um tumor de estômago. "Por meio dos genes vamos identificar quais os pacientes que têm o risco de desenvolver o câncer", completa. "Descobrimos que as pessoas com metaplasia têm genes muito parecidos com os de portadoras de tumor de estômago", enfatiza.
Para Soares, com a identificação do gene responsável pelo tumor será possível remover a lesão antes de ela se tornar cancerosa. De acordo com o pesquisador, como o câncer de estômago é assintomático, quando se descobre a doença ela está em um estágio avançado. "Muitas vezes nem a cirurgia resolve mais o problema", diz Soares.
"Mas se a metaplasia, que pode evoluir para câncer, for detectada precocemente será possível remover apenas a região lesionada", completa.
Ainda neste semestre, a nova técnica começará a ser utilizada em pacientes do Hospital do Câncer. "Vamos fazer uma biópsia das lesões e os pacientes que apresentarem um perfil genético de risco receberão um acompanhamento constante" explica Soares.
Hoje, em 95% dos casos a doença é detectada em estágio avançado, quando o tratamento tem de ser mais drástico e as chances de sucesso menores. O médico lembra que a cura da doença está ligada a um diagnóstico precoce. "Só estaremos satisfeitos quando o hospital fechar as portas por falta de pacientes com câncer", afirma Soares, diretor do Departamento do Hospital do Câncer.
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DCI