Notícia

DCI

Nova técnica permite realizar diagnóstico precoce de câncer (1 notícias)

Publicado em 19 de fevereiro de 2004

Não só países de primeiro mundo se destacam na área de pesquisas clínicas. Pesquisadores brasileiros têm mostrado que no País também e possível desenvolver estudos de interesse mundial. O Hospital do Câncer, em São Paulo, é um bom exemplo disso. Em parceria com o Instituto Ludwig e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo que permite analisar lesões e detectar precocemente as que têm possibilidade de se transformar em uma neoplasia e consequentemente, em tumor de estômago. O valor dessa pesquisa já foi reconhecido. Ainda neste mês, a técnica será capa da revista Câncer Research, da Associação Americana para Pesquisa do Câncer. O estudo utilizou amostras de tecido de 149 pacientes do hospital — 99 com gastrite, 25 com metaplasia intestinal e 25 com câncer de estômago — e recorreu à técnica de microarrays, lâminas que permitem comparar o DNA para determinar o perfil molecular dos tumores e tecidos pré-cancerosos. "A técnica mede comparativamente a expressão gênica, testando milhares de genes", explica Fernando Soares, diretor do Departamento da Anatomia Patológica do Hospital do Câncer. Segundo Soares, dos pacientes com gastrite, uma porcentagem desenvolverá a metaplasia intestinal, mas a grande maioria não terá problema algum. Entretanto, em algumas pessoas ela se transformará em um tumor de estômago. "Por meio dos genes vamos identificar quais os pacientes que têm o risco de desenvolver o câncer", completa. "Descobrimos que as pessoas com metaplasia têm genes muito parecidos com os de portadoras de tumor de estômago", enfatiza. Para Soares, com a identificação do gene responsável pelo tumor será possível remover a lesão antes de ela se tornar cancerosa. De acordo com o pesquisador, como o câncer de estômago é assintomático, quando se descobre a doença ela está em um estágio avançado. "Muitas vezes nem a cirurgia resolve mais o problema", diz Soares. "Mas se a metaplasia, que pode evoluir para câncer, for detectada precocemente será possível remover apenas a região lesionada", completa. Ainda neste semestre, a nova técnica começará a ser utilizada em pacientes do Hospital do Câncer. "Vamos fazer uma biópsia das lesões e os pacientes que apresentarem um perfil genético de risco receberão um acompanhamento constante" explica Soares. Hoje, em 95% dos casos a doença é detectada em estágio avançado, quando o tratamento tem de ser mais drástico e as chances de sucesso menores. O médico lembra que a cura da doença está ligada a um diagnóstico precoce. "Só estaremos satisfeitos quando o hospital fechar as portas por falta de pacientes com câncer", afirma Soares, diretor do Departamento do Hospital do Câncer.