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Nova técnica de reciclagem elimina resíduos de alumínio

Publicado em 26 novembro 2003

Por Fabiana Pio
Cinco empresas do setor de alumínio firmaram parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) visando a desenvolver um processo inédito para reciclar esse material. Previsto para ser finalizado no próximo ano, o projeto já recebeu investimentos de cerca de R$ 1,3 milhão, e irá permitir uma redução de até 70% no volume de resíduos sólidos, além de maior economia no consumo de energia no processo. O projeto conta principalmente com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As empresas, reunidas por meio da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), são Alcoa Alumínio S.A., Mealur Ltda., Servibrás Serviços Esp. Ind. e Com., Sumesa - Sulina de Metais S.A. e Tomra - Latasa Reciclagem, que contribuem com mão-de-obra especializada, materiais para estudo e recursos financeiros. Segundo o anuário estatístico da ABAL, foram produzidas no Brasil em 2002 cerca de 1,3 milhão de toneladas de alumínio primário no País. Cerca de 253,5 mil toneladas foram recuperadas. E aproximadamente 99,7 mil toneladas, importadas. Em média, o País recicla 35% do alumínio produzido, e a média mundial é de 33%. Além disso, o Brasil é líder mundial de reciclagem de latas de alumínio, em países onde o depósito não é obrigatório por lei. No ano passado, o Brasil foi responsável por reciclar 87% das latas, o que corresponde a cerca de 150 mil toneladas por ano. Em 2001, o Japão reciclou 83% e o Brasil, 85%. De acordo com Fernando von Zuben, presidente do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) e diretor de meio ambiente da Tetra Pak, o mercado de reciclagem em geral no Brasil movimentou no ano passado R$ 4 bilhões. Desse valor, a reciclagem do alumínio foi responsável por 10%. "O alumínio é um material de alto valor agregado, que custa cerca de até R$ 3 mil a tonelada. Por isso, representa um grande negócio para as empresas", diz. "A reciclagem e a coleta seletiva representam negócios tanto para os catadores quanto para as empresas que utilizam papel reciclado, consistindo economia no processo industrial. Só em relação ao papelão, são recicladas anualmente cerca de 2 milhões de toneladas", diz Zuben. EVENTO Para promover a importância da reciclagem no Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e o Cempre estão promovendo o Recicleshow 2003 - Seminário e Exposição sobre Desafios Técnicos e Econômicos para a Reciclagem na Fundação Bienal São Paulo (segundo pavimento). O evento reúne cerca de 25 empresas expositoras e será realizado até o dia 28 de novembro, sexta-feira. TECNOLOGIA De acordo com Antônio Carlos da Cruz, coordenador do projeto do IPT, foi construído um protótipo de um forno, que utiliza o plasma térmico como fonte de energia. O gás utilizado é o argônio, aquecido entre 5 mil e 12 mil ºC. "Essa tecnologia é inédita no mundo. Somente com o plasma térmico é possível obter um processo limpo viável economicamente. Estamos em processo de patenteamento. Essa técnica permite reciclar outros materiais além do alumínio", diz o pesquisador do IPT. A nova técnica dispensa o uso de sais como cloreto de sódio e cloreto de potássio, usados nos processos convencionais para evitar a queima do alumínio. Com isso, há redução de 40% a 70% na geração de resíduos sólidos, uma economia de 97% no consumo de energia, além da diminuição da emissão de gases e menor corrosão do equipamento. "Estamos estudando o aproveitamento total do resíduo sólido gerado. Provavelmente servirá como insumo da indústria cerâmica", diz Cruz.