Uma descoberta científica significativa acaba de colocar Cruzeiro do Sul, interior do Acre, no mapa global da produção de cacau. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram três novas espécies de cacau na região noroeste da Amazônia, incluindo a espécie Theobroma globosum encontrada em Cruzeiro do Sul e também no Peru. Esta descoberta ressalta a importância da região do Vale do Juruá como um berço do cacau no mundo.
Marcos Rocha, engenheiro agrônomo na Secretaria do Estado de Agricultura do Acre, falou sobre a descoberta. “O cacau é um produto nosso, inclusive essas espécies que foram descobertas recentemente aqui no Cruzeiro do Sul e também no Peru. Então a gente está fazendo parte da rota do cacau, nós estamos desenvolvendo a rota do cacau de origem na região,” afirma Rocha. Ele destaca que esta confirmação científica fortalece a teoria de que o cacau é nativo desta região, abrangendo também o vizinho Estado do Peru.
Após seis décadas sem novas adições ao gênero Theobroma, os pesquisadores Matheus Colli Silva, José Rubens Pirani, e James Edward Richardson, com apoio da FAPESP e colaboração do Dr. Fabián Michelangeli, identificaram as espécies Theobroma globosum, Theobroma nervosum e Theobroma schultesii. A descoberta foi publicada na revista Kew Bulletin.
Características das Novas Espécies
– Theobroma globosum: Caracteriza-se pelos frutos esféricos e folíolos com nervuras centrais menores.
– Theobroma nervosum: Possui folhetos arredondados e dentados, com veias que se projetam além da margem.
– Theobroma schultesii: Tem folhetos peciolados e um cálice em formato de cúpula.
Contribuição dos Herbários
A pesquisa foi possível graças ao estudo de materiais depositados em herbários, que são coleções de plantas desidratadas e catalogadas para estudo. Esses recursos foram essenciais para as análises morfológicas das espécies recém-descobertas.
Importância da Descoberta
As novas espécies de cacau oferecem recursos genéticos valiosos para melhorar a resistência e adaptação do cacau cultivado, especialmente em face das mudanças climáticas e pragas como a “vassoura-de-bruxa”. Além de expandir o conhecimento científico sobre a biodiversidade amazônica, a descoberta abre portas para o desenvolvimento de técnicas agrícolas mais resilientes e inovadoras na produção de cacau.
Marcos Pereira, chefe do escritório da Secretaria de Agricultura do Estado em Cruzeiro do Sul, reafirma o compromisso da secretaria com o desenvolvimento da cultura do cacau no Acre. “A secretaria está abrindo agora um grande debate sobre por que plantar cacau no estado do Acre, uma cultura nativa da nossa região. O estado do Acre, através da secretaria, vai começar a incentivar o plantio de cacau, especialmente no Vale do Juruá, que é uma das regiões mais propícias para essa cultura,” explica Pereira.
Com essas iniciativas, o Acre se posiciona como um importante player no mercado global de cacau, aproveitando suas condições naturais e a recente descoberta para impulsionar a economia local e preservar a biodiversidade.