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A Folha Hoje

Nobel da Medicina: Cientista brasileira trabalha com um ganhador (37 notícias)

Publicado em 18 de outubro de 2019

Declarado os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2019, Joanna Dark Carola Correia Lima não sabia que seu instrutor seria um dos contemplados. Agora, a cientista brasileira trabalho com um Nobel.

Peter Ratcliffe é professor da Universidade de Oxford e é instrutor de Joanna, que é formada em Ciências Biológicas e está no programa de Pós-Graduação de Biologia dos Sistemas, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Formada pela Universidade Federal do Piauí, Joanna seguiu sua carreira na ciência até a USP e de lá embarcou em uma aventura até Oxford, onde estagia ao lado do Nobel Ratchliffe.

Joanna estuda a caquexia associada ao câncer, uma condição uma condição na qual os pacientes apresentam perda de peso acentuada e involuntária.

Já no mestrado, a jovem cientista constatou que pessoas com o mesmo tipo de câncer e com o mesmo estágio de avanço do tumor podiam, ou não, desenvolver caquexia.

Então, no doutorado, as pesquisas se voltaram para entender as razões que levavam a esse quadro.

Descobrindo que os fatores inflamatórios secretados eram diferentes.

Durante o projeto de doutorado, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi realizada a análise proteômica, que identificou alteração de algumas funções biológicas, dentre uma delas, a hipóxia (baixas taxas de oxigênio nas células).

“Foi isso que nos levou a procurar o laboratório de Peter Ratcliffe, que estuda os mecanismos moleculares da hipóxia em diversas doenças, tais como o câncer”, explica a cientista.

O trabalho da pesquisadora busca entender como a hipóxia pode levar pacientes com câncer colorretal a possivelmente desenvolver a caquexia.

O gene indutor da hipóxia, chamado HIF (sigla em inglês para Fator Indutor de Hipóxia) foi encontrado nos tumores de pacientes caquéticos pelo grupo do laboratório da professora Marilia Cerqueira Leite Seelaender, do ICB, que orienta a pesquisa de Joanna.

“Uma das vias do nosso estudo é destinada para saber se o HIF é o fator que causa a inflamação que gera a caquexia”, explica Marilia Seelaender.

Quando ativado, o gene induz funções biológicas como a formação de vasos sanguíneos no tumor, por exemplo, o que faz com que ele cresça.

A partir dessas descobertas as pesquisadoras entraram em contato com o professor Ratcliffe.

Agora a cientista está fazendo doutorado sanduíche na Universidade de Oxford, com apoio da Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE), financiada pela Fapesp.

Joana elogia com grandes adjetivos o trabalho ao lado do Nobel e afirma que ele é uma pessoa simples e está sempre presente.

“Cinco minutos de conversa com ele geram aprendizados para a vida toda.”, diz Joanna.

A ciência, mais uma vez, mostrando que seus esforços geram o futuro do mundo.