Políticas, estratégias e funding da indústria de Defesa estiveram na mesa de discussão durante reunião recente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade
Membros do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp reuniram-se na quinta-feira (28/11) para discutir uma pauta fundamental para o futuro do país: políticas, estratégias e funding voltados à indústria de Defesa.
O vice-presidente do Conselho, José Augusto Corrêa, abriu os debates com reflexão sobre os custos visíveis e os benefícios invisíveis das aquisições na indústria de Defesa, e ressaltou a necessidade de países soberanos, como o Brasil, possuírem uma política de inovação consolidada no setor.
“Quando investimos em produtos de Defesa, ninguém calcula o benefício econômico e social disso, apenas contabiliza a despesa da compra do equipamento militar”, criticou Corrêa. “A gente só vê produto e preço, mas por trás disso tem política, finanças e cooperação industrial”, complementou.
De acordo com o especialista, sociedade e indústria são alguns dos personagens que mais se beneficiam com a expansão dos conhecimentos proporcionados pelas novas tecnologias geradas para os projetos militares.
“O desenvolvimento de produtos para a indústria de Defesa produz transbordamentos para a sociedade na forma de ganhos sociais, empregos de nível mais elevado, ganhos de produtividade e criação de processos e produtos duais (de uso comercial e militar), que não seriam descobertos espontaneamente sem pesquisas realizadas no âmbito militar”, explicou o vice-presidente do Conic. “Minha tese é de que a demanda do Estado por produtos de Defesa pode e deve ser geradora de políticas públicas de fomento à inovação”, concluiu.
No mesmo sentido, o diretor do Departamento de Defesa e Segurança (Deseg), Anastacio Katsanos, deu sequência aos debates ao lembrar que tecnologias amplamente adotadas pela sociedade, como a internet, o GPS e os smartphones, foram criadas com propósitos militares e traçou breve panorama da inovação no século XXI e suas implicações.
“Dados e informações são os recursos mais valorizados do planeta, o que torna a busca constante pela evolução das tecnologias uma vantagem sobre os oponentes”, analisou Katsanos, e lembou que a tecnologia tem um efeito disruptivo, pode ser a maior oportunidade da nossa civilização, e utilizada com equilíbrio, alertou o engenheiro.
O professor titular do Instituto de Física de São Carlos (USP) e coordenador adjunto para Programas Especiais e Colaborações da Fapesp, Luiz Nunes de Oliveira, fechou as exposições do dia com uma apresentação sobre as oportunidades para pesquisa e inovação na área de Defesa.