Ex-ministra da Saúde afirmou que enfrentou ataques misóginos durante a gestão e defendeu mudanças na política nacional •
A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade , afirmou, nesta segunda-feira (10) que enfrentou uma campanha sistemática de ataques misóginos ao longo dos 25 meses em que esteve à frente da pasta. A declaração foi feita durante a cerimônia no Palácio do Planalto que marcou a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha , e da nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais ( SRI Gleisi Hoffmann . As informações são do G1.
Além das críticas aos ataques sofridos, Nísia defendeu uma nova política baseada no respeito e no diálogo , reforçando que mudanças na forma de conduzir a política brasileira são necessárias.
Reforma ministerial visa reforçar base política do governo Lula
A saída de Nísia Trindade faz parte de uma (PT), anunciada no fim de fevereiro. A troca no comando do Ministério da Saúde tem como objetivo ampliar a base de apoio do governo no Congresso Nacional. Com o maior orçamento entre os ministérios, a pasta da Saúde exige intensa articulação política, algo que pesou contra a permanência de Nísia no cargo.
Nísia foi escolhida inicialmente como um gesto ao meio científico, após presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022. Sua gestão, no entanto, enfrentou dificuldades na liberação de emendas parlamentares e na articulação com o Legislativo.
Agora, Lula aposta em Alexandre Padilha , que ocupava a Secretaria de Relações Institucionais , para reestabelecer a articulação política no Congresso. Padilha também já foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff , e tem histórico de atuação em temas da saúde pública.
Despedida marca ações e desafios da gestão de Nísia Trindade
Durante sua despedida, Nísia destacou as ações realizadas pela pasta, como a assinatura de portarias sobre a produção nacional de vacinas contra a dengue , além de medidas de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) . Ela cumprimentou a equipe de trabalho e encerrou o evento de forma protocolar, sem comentar os motivos diretos da troca.
Apesar dos esforços, programas como o Mais Acesso a Especialistas não alcançaram o impacto esperado e enfrentaram entraves de gestão. A iniciativa buscava ampliar o acesso a exames e consultas especializadas pelo SUS.
Vacina contra a dengue e investimentos em saúde marcam legado
Na mesma cerimônia de posse, foi anunciado que o Brasil terá a primeira vacina 100% nacional contra a dengue em 2026. A produção será realizada em parceria entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics , com capacidade para produzir até 60 milhões de doses por ano.
A vacina será de dose única , voltada para a população de 2 a 59 anos , excluindo temporariamente pessoas acima de 60 anos por conta das etapas de testes clínicos. Além disso, estão previstos investimentos em outras vacinas , como contra o vírus sincicial respiratório (VSR) e a insulina Glargina , em cooperação com a Fiocruz e o Butantan.
Nova fase da Saúde mira articulação e continuidade de políticas
Com R$ 1,26 bilhão em investimentos , o governo federal projeta ampliar a produção nacional de insumos de saúde e garantir maior autonomia ao SUS . A expectativa é de que o novo comando da pasta, sob Padilha, reforce a execução de políticas públicas e melhore a relação entre Executivo e Legislativo.
A nomeação de Padilha é vista como uma estratégia para melhorar o desempenho político do governo em meio a uma queda de popularidade e ao desejo de respostas mais efetivas em áreas-chave como a saúde pública.