“Meu legado é a reconstrução do SUS . Tenho orgulho de dizer que fui a primeira mulher presidente da Fiocruz e a primeira ministra da Saúde do governo federal, trabalhando para fortalecer e ampliar o direito à saúde para todos os brasileiros”, declarou a ministra Nísia Trindade, nesta segunda-feira (10), em cerimônia no Palácio do Planalto. Ela se despediu do cargo, na tarde de hoje, destacando conquistas e avanços à frente da gestão do SUS. Na oportunidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse ao novo ministro, Alexandre Padilha.
Nísia ressaltou que, sob comando do presidente Lula, o Ministério da Saúde não se furtou a realizar nenhuma ação. Entre os principais marcos, ela destacou a retomada da cobertura vacinal, que reverteu seis anos consecutivos de queda, e a oferta gratuita de 100% dos medicamentos do programa Farmácia Popular , que beneficiou mais de 24 milhões de brasileiros, o maior número da série histórica.
“Busquei, após seis anos de trabalho intenso na Fiocruz, em defesa da democracia e da ciência, retomar o papel coordenador do Ministério da Saúde. Precisamos pensar no Brasil que falta. Estamos entre as 10 maiores economias do mundo, mas somos uma das economias mais desiguais e a desigualdade se concretiza na dificuldade de acesso à saúde”, declarou Nísia. “Pobreza faz mal à saúde e esse quadro requer políticas públicas urgentes, políticas que são inadiáveis”, complementou.
Nísia Trindade ressaltou importantes entregas como o avanço expressivo de cirurgias eletivas, resultando no maior número de procedimentos da história do SUS : mais de 14,9 milhões de cirurgias apenas em 2024, um crescimento de 37% em relação a 2022. Para 2025, segundo ela, a previsão é superar 15 milhões de cirurgias, com um investimento adicional de R$ 1,2 bilhão, legado de sua gestão. “O Ministério da Saúde estava desmontado e desacreditado, mas o piso da saúde foi restabelecido e houve aumento significativo dos recursos alocados”, defendeu.
No enfrentamento da dengue , ela destacou a mobilização nacional que resultou em uma queda de mais de 60% no número de casos no início de 2025 . O Brasil também se tornou o primeiro país do mundo a oferecer a vacina contra a dengue no sistema público de saúde, garantindo a distribuição de 9,5 milhões de doses este ano. “Enfrentamos a maior epidemia de dengue da história, decorrentes das mudanças climáticas, e sabemos que as respostas não cabem apenas ao setor saúde, demandando saneamento, mobilização de prefeituras e da sociedade, além da escala nacional de produção de tecnologias cientificamente comprovadas”, declarou.
A expansão da atenção primária , a principal porta de entrada do SUS, foi outro pilar de avanços na gestão, segundo Nísia. “O programa Mais Médicos dobrou de tamanho, passando a contar com mais de 26 mil médicos, o SAMU está com frota renovada e 4.750 novas equipes de Saúde da Família foram habilitadas para reforçar o atendimento, inclusive em áreas ribeirinhas. Povos indígenas, as populações negra, quilombola e ribeirinha, grupos com demandas específicas, como mulheres e LGBTQIAP+, pessoas com deficiência, populações de periferias. Trabalhamos pela reparação de injustiças históricas”, disse Nísia. “Presidente Lula, muito obrigada pela oportunidade de realizar um trabalho em que acredito”, acrescentou.
Em seu discurso, Nísia também reforçou que promoveu a reorganização dos hospitais federais do Rio de Janeiro , enfrentando um dos desafios históricos do SUS. No campo da inovação e desenvolvimento, o Ministério da Saúde impulsionou o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), ampliando a produção nacional de medicamentos e vacinas . Desde 2023, foram incorporadas 67 novas tecnologias ao SUS, incluindo imunizantes contra a dengue e bronquiolite, além de tratamentos para câncer de mama.
Ao encerrar sua gestão, Nísia Trindade ressaltou que os avanços conquistados refletem o compromisso com a saúde pública e o bem-estar da população. “Entendo que esse é um momento especial para a República, para as relações interfederativas e para o avanço de políticas públicas. Desejo sucesso ao ministro Padilha nessa missão e agradeço a parceria nesse tempo que estive no governo. Muito obrigada”, finalizou.
Bianca Lima e Edjalma Borges
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde
Em seu primeiro discurso como Ministro da Saúde, Alexandre Padilha reiterou a “obsessão em reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso ao atendimento especializado no Brasil. Não há solução mágica para um problema que se arrasta há décadas e se agravou com a pandemia e o descaso do governo anterior. Não se trata de uma doença aguda para a qual já exista um remédio imediato. Como dizemos na medicina, não é algo que possamos resolver apenas aliviando a febre e a dor momentaneamente”, disse. Em cerimônia de posse no Palácio do Planalto, o ministro Padilha afirmou que aprendeu com o presidente Lula que “diante da dificuldade, a gente teima. Teima, insiste, vai lá e faz”.
“Não podemos aceitar que um entregador fique sem trabalhar e sustentar sua família por falta de um exame acessível em um horário viável. Vamos lutar, porque é desumano que uma família inteira sofra noites de angústia esperando a realização de uma biópsia, quando sabemos que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer”, acrescentou, reiterando o compromisso de colocar esse desafio histórico no centro das ações do Ministério da Saúde. “Essa não será apenas uma prioridade – será nossa agenda diária de trabalho”.
Segundo Padilha, “como em qualquer serviço de saúde de urgência, nosso compromisso será de 24 horas por dia, de segunda a segunda, para reduzir o tempo de espera e garantir um atendimento especializado digno para todos os brasileiros”.
Enfrentamento do negacionismo
Padilha ressaltou a importância do SUS como um pilar fundamental da sociedade brasileira e se comprometeu a defendê-lo de ataques e retrocessos. “Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, afirmou, referindo-se ao impacto das políticas negacionistas na crise sanitária da covid-19
O novo ministro também destacou que sua gestão será pautada pelo fortalecimento das campanhas de vacinação, pelo enfrentamento de doenças tropicais como a dengue e a malária e pela busca de novas tecnologias para aprimorar o atendimento no SUS.
Novo modelo de remuneração no SUS
Entre os desafios assumidos pelo novo ministro também está a criação de um novo modelo de financiamento para os serviços de saúde. Alexandre Padilha anunciou que sua equipe trabalhará para encerrar a atual tabela SUS, propondo um sistema de remuneração mais eficiente para estados, municípios e hospitais que garantirem atendimento mais rápido e de qualidade.
“Teremos coragem e ousadia para superar esse modelo e criar uma política que valorize quem atende no tempo certo. Não há solução mágica, mas há determinação. Vamos enfrentar e vencer esse desafio”, destacou.
Valorização dos profissionais da Saúde e compromisso com a ciência
Padilha reforçou que a saúde pública precisa de trabalhadores qualificados e valorizados para garantir um atendimento eficiente. Ele garantiu que o Ministério da Saúde será parceiro de universidades e centros de formação, priorizando a qualidade da formação de médicos e demais profissionais da saúde.
Além disso, reafirmou o compromisso com a ciência e a cooperação com instituições internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Aqui vocês têm um ministro e um presidente da República que dizem sim à OMS, sim às campanhas de vacinação e sim ao fortalecimento do SUS”, declarou.
SUS como vetor de desenvolvimento e inovação
O novo ministro destacou, ainda, o papel do SUS na produção científica e no desenvolvimento tecnológico do Brasil, citando como exemplo a recente produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan, fruto de uma transferência de tecnologia que garante mais autonomia ao país na produção de imunizantes.
“A saúde tem o potencial de ser um catalisador de inovação e desenvolvimento, gerando emprego, renda e conhecimento para o Brasil. O SUS não é apenas um direito do povo, é também um motor de progresso para o país”, afirmou.
Desafios da nova gestão
Padilha encerrou seu discurso reafirmando que o governo não medirá esforços para melhorar a saúde pública no Brasil. Ele destacou que a experiência como ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff e como secretário de Saúde de São Paulo o preparou para enfrentar os desafios da pasta.
“Sei que não será fácil, mas quem aprendeu com Lula sabe que, diante de uma dificuldade, a gente teima, vai lá e faz. Quem ama o povo brasileiro, como o presidente Lula ama, nunca vai deixar de lutar por um SUS mais forte, mais ágil e mais humano”, observou.
Reconstrução da saúde e legado de Nísia Trindade
A posse de Alexandre Padilha marca a transição da gestão de Nísia Trindade, que conduziu o Ministério da Saúde desde 2023, no início do terceiro governo Lula, e foi responsável pela reconstrução de políticas públicas essenciais, como a retomada da cobertura vacinal, a ampliação do Farmácia Popular e o combate à desinformação sobre vacinas.
“Nísia, o Brasil agradece a você e à sua equipe pela reconstrução do Ministério da Saúde depois de anos sombrios. Você substituiu o negacionismo pelo compromisso com a saúde pública e com a ciência”, concluiu Padilha.
Bianca Lima e Edjalma Borges
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde