Em pronunciamento em rede nacional, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sublinhou a gravidade da atual crise de dengue, que pode bater recordes de infecções e mortes no país. Em sua fala, Nísia anunciou a criação de um Centro de Operações Emergenciais, “montado para analisar diariamente a evolução dos casos e mobilizar as ações de todos os órgãos envolvidos no enfrentamento à dengue”. A ministra também enfatizou a importância das ações de vigilância sanitária ao destacar que a presença dos agentes de combate a endemias deve ser bem vinda nas casas dos brasileiros, uma vez que as residências concentram 75% dos casos de dengue. Cidades como São Paulo e Brasília também têm preparado operações especiais de monitoramento e combate à epidemia de dengue.
Em longa entrevista ao site da Fapesp , Maurício Nogueira procurou dar um panorama da epidemia de dengue no país, cujo tamanho e diferenças regionais fazem a doença se apresentar com características distintas. No Brasil, vemos fenômenos distintos ocorrendo ao mesmo tempo. “Em Belo Horizonte, há uma circulação intensa dos sorotipos 1 e 2 do vírus da dengue. No interior de São Paulo, uma região muito populosa, além dos sorotipos 1 e 2, temos muitos casos de chicungunha, que causa sintomas clínicos semelhantes aos da dengue e contribui para deixar os dados confusos. Em algumas regiões do país, o vírus do sorotipo 2 em circulação é de uma linhagem cosmopolita, enquanto em São Paulo a variedade é asiática-americana. Temos ainda notícias da introdução do sorotipo 3 em alguns locais. Além dessa complexidade, preocupa o fato de que alguns estados da região Nordeste historicamente muito afetados por dengue estejam relativamente silenciosos. Se o surto que está ocorrendo em parte do país chegar a esses estados, teremos a tempestade perfeita”, alertou.
Como destacou Gonzalo Vecina ao Outra Saúde , diante da quantidade ainda insuficiente de vacinas contra a dengue, compradas do laboratório japonês Takeda, caberá ao governo Brasil ter “muita inteligência epidemiológica” na distribuição dos imunizantes e as ações preventivas precisam ser colocadas como máxima prioridade pelas prefeituras.