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Neurônios são mais espertos do que parecem (1 notícias)

Publicado em 22 de dezembro de 2007

Neurônios são mais espertos do que se imaginava. De acordo com três estudos divulgados na última quinta-feira pela revista Nature, as células cerebrais contribuem mais decisivamente para o comportamento e são capazes de realizar mais funções do que estudos anteriores haviam estimado. O cérebro dos mamíferos lida com um problema fundamental de recursos: simplesmente não há neurônios suficientes para que cada um deles seja responsável por uma única função, seja percepção, comportamento ou memória.

Para aumentar a capacidade de armazenamento, estima-se que o cérebro use padrões de sobreposição de atividades entre muitos neurônios interconectados. Mas os novos estudos indicam que essa explicação subestima a atuação de cada uma das células cerebrais individualmente.

Por meio de um novo método para estimular neurônios na parte do cérebro dos camundongos envolvida na sensibilidade dos bigodes - que usam para se movimentar por ambientes em apoio á visão limitada -, o grupo liderado por Karel Svoboda, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York, demonstrou que breves explosões de atividade em poucos neurônios são tudo o que se precisa para estimular a aprendizado e a tomada de decisões.

Em outro estudo, Michael Brecht, do Centro Médico Erasmus, na Holanda, e Arthur Houweling, da Universidade Hurnboldt de Berlim, na Alemanha, descreveram a influência de um único neurônio na capacidade tátil de um rato.

Ao estimular eletronicamente células na região dos barris do côrtex, a dupla descobriu que um pequeno aumento na atividade neuronal afetou diretamente a resposta do animal a estímulos táteis. Na terceira pesquisa, Svoboda e Christopher Harvey, também de Cold Sprlng Harbor, deram um zoom para investigar as conexões Individuais (sinapses) entre as células cerebrais. A medida que um animal cresce e aprende, as sinapses se tornam mais fortes ou mais fracas, mu dando o padrão de conexões que armazenariam as informações.

Estudos anteriores ha viam indicado que o estímulo de uma única sinapse poderia torná-la mais "forte" e modelos computacionais calcularam que es sa influência se espalharia para as células ao redor. O trabalho de Harvey e Svoboda confirmou a previsão, ao demonstrar que vizinhos de conexões recentemente fortalecidas eram potencializados mais facilmente. Isso, segundo os autores, sugere um tipo de sistema de "preenchimento" neuronal, no qual conexões relevantes a determinados tipos de comportamento se agrupariam.

Os artigos "Sparse optical microstimulation in barrel cortex drives learned behaviour in freely moving mice' (Karel Svoboda e outros), "Behavioural report of single neuron stimulation in somatosensory cortex' (Arthur Houweling e Michael Brecht) e "Locally dynamic synapatic pyramidal neuron' CChristopher Harvey e Karel Svoboda), podem ser lidos por assinantes da Nature em www.nature.com. (Por Agência Fapesp)