O Brasil ODS da última quinta-feira (13), recebeu a fisioterapeuta Daniela Cristina Carvalho e a professora Yolanda Maria Garcia para debater sobre a saúde do idoso e o risco de quedas entre eles
Por Lucas Neves
Todos os anos, cerca de 40% dos idosos com mais de 80 anos sofrem quedas, segundo estimativa do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. Pensando nesses dados e no aumento expressivo da população mais velha, o Brasil ODS, programa de rádio do Observatório do Terceiro Setor, recebeu especialistas em uma conversa sobre a saúde do idoso no Brasil, no dia 13 de março.
O episódio, apresentado pelo jornalista e fundador do Observatório, Joel Scala, contou com a participação da fisioterapeuta Daniela Cristina Carvalho. Coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (Lare) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), ela é uma das responsáveis pelo estudo que sugere alterações no já estabelecido teste clínico para avaliar o equilíbrio de idosos.
Realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos, o estudo apoiado pela FAPESP mostrou que o teste de equilíbrio pode ser mais efetivo. Segundo resultados da pesquisa, publicados na revista BMC Geriatrics, é mais vantajoso deixar os indivíduos em duas posições desafiadoras, por 30 segundos cada, para observar sua capacidade de equilíbrio. O teste habitual consiste em expor os idosos a 4 posições diferentes, por apenas 10 segundos. Esse tempo pode ser muito baixo para coletar resultados precisos, segundo Daniela.
O risco de quedas entre os idosos
As quedas são a segunda maior causa de mortes por acidente entre idosos, atrás somente dos incidentes de trânsito, segundo o Ministério da Saúde. Durante o Brasil ODS, Daniela disse que elas ocorrem por uma série de fatores, pontuando algumas práticas capazes de reduzirem o risco.
“Tem que fazer atividade física, evitar o tempo que o idoso fica sentado ou deitado por dia, ter hábitos de vida saudáveis, alimentação saudável, evitar fumo e bebida alcoólica em excesso”, disse Daniela.
Ela pontuou a importância dos exames de rotina e consultas periódicas com médicos especialistas como, cardiologistas, geriatras e oftalmologistas. No entanto, a fisioterapeuta lembrou que, apesar das práticas para mitigar as chances de queda, é impossível evitá-las completamente.
“Todo idoso já é classificado com baixo risco de cair, pelo menos”, alertou Daniela.
Envelhecimento da população brasileira
Outro destaque do Brasil ODS foi o crescente envelhecimento da população brasileira. No último Censo Demográfico de 2022 do IBGE, a população de idosos representava mais de 32 milhões de pessoas. Até 2070, o instituto de pesquisa projeta que cerca de 37% dos habitantes do país terão mais de 60 anos.
A partir desses dados, Joel Scala questionou sobre os cuidados e políticas públicas necessárias para suprir uma demanda maior de cuidado aos idosos no país. A pergunta foi direcionada para a segunda convidada do Brasil ODS, Yolanda Maria Garcia. Ela é professora da disciplina de geriatria e da pós-graduação em acupuntura da Faculdade De Medicina Da USP.
“Uma das coisas mais importantes seria providenciar treinamento dos profissionais de saúde, de todos os perfis, inclusive dos que planejam as políticas de saúde pública, para entender as necessidades de nós que estamos chegando nessa fase”, disse a professora.
Para Yolanda, os órgãos públicos devem estabelecer prioridades e destinar os recursos eficientemente, sabendo que eles são finitos. “É importante conhecer bem as necessidades desse momento da nossa vida”.
O envelhecimento e a Agenda 2030 da ONU
Além das convidadas, o Brasil ODS sobre a saúde do idoso recebeu a coluna Paulo Almeida, especialista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da ONU. Ele destacou que o tema se relaciona diretamente com o ODS 3 (Saúde e bem-estar), cujo objetivo é garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
O Brasil ODS é uma produção do Observatório do Terceiro Setor que conta com o apoio da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Ele vai ao ar às quintas-feiras na Rádio Brasil Atual, que pode ser na frequência FM na Grande São Paulo (98,9), no litoral paulista (93,3) e no noroeste paulista (102,7). Também é possível ouvi-la de qualquer lugar, por meio do site radios.com.br/play/24568.