O primeiro navio oceanográfico construído no Brasil fez sua primeira viagem na manhã de ontem partindo do Recife. O Alpha Delphini, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), chegou de Fortaleza na terça-feira ao Porto do Recife e está fazendo a sua primeira expedição com viagens programadas às Ilhas de Itamaracá e Fernando de Noronha. Cinco estudiosos do clima têm como objetivo descobrir os efeitos do aquecimento global na região costeira.
De acordo com a doutora do Instituto Oceanográfico da USP, Elisabete Braga, todos os dias pela manhã uma equipe de dez a 12 estudiosos, incluindo professores, alunos de graduação e pós-graduação, coletarão amostras d’água para observar o comportamento do carbono na costa. “Ele é um elemento extremamente importante para a vida, mas tem um lado negativo. O carbono é um gás estufa e contribui para o aquecimento da atmosfera.”
A professora explicou que inicialmente a equipe estudará diversos pontos em frente ao Recife, Itamaracá e Noronha. “Recife e Itamaracá são duas zonas costeiras mais próximas às ações do homem. Já Noronha é o contrário. Vamos fazer esse comparativo.”
Segundo o professor doutor da UFPE, Manuel Flores Montes, cerca de 20 estudantes pernambucanos participam das pesquisas. “Cada dia, alunos da USP e UFPE vão se revesar nas viagens. As amostras serão analisadas em laboratórios daqui pelos estudantes e servirão como base para monografias, dissertações e teses.” Flores acredita que a maior deficiência da área, no Brasil, era não ter um navio oceanográfico. “Essa parceria é muito importante e vai nos deixar mais autônomos para essas pesquisas”, explicou.
Os professores disseram que o Alpha Delphini voltará ao Porto do Recife todos os dias, sempre no início da noite. Ele deverá partir da capital pernambucana no próximo domingo, quando seguirá para São Paulo. “Nesse meio tempo, estamos analisando a possibilidade de permitir que o público visite o navio. Gostaria muito que isso acontecesse, pois muita gente não faz ideia de como esse trabalho é importante para a vida”, declarou Elisabete.
Prevista para durar 15 dias, a expedição faz parte de um Projeto Temático, realizado por pesquisadores do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com a participação da Agence Nationale de la Recherche (ANR), da França, no âmbito de um acordo entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.
O Alpha Delphini foi construído no estaleiro Inace, no Ceará, e teve investimento de R$ 5,5 milhões pela Fapesp. A embarcação mede 25 metros e é considerada de médio porte. Este é o segundo navio oceanográfico da instituição. O primeiro, o Alpha Crucis, inaugurado em maio de 2012, já fez até agora sete cruzeiros, incluindo testes, para fins de pesquisa.
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5,5 milhões de reais foram investidos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo na construção do Alpha Delphini
25 metros é o tamanho da embarcação, considerada de médio porte e construída no estaleiro Inace, no Ceará
20 estudantes pernambucanos participam das pesquisas, que vão analisar amostras nas Ilhas de Itamaracá e Fernando de Noronha