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Nature destaca resultados de programa brasileiro de pesquisa sobre a Amazônia (1 notícias)

Publicado em 19 de janeiro de 2012

Um artigo de revisão publicado na edição desta quinta-feira da revista Nature sintetiza os resultados das pesquisasrealizadas nos últimos 20 anos pelo Experimento de Grande Escala daBiosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo Instituto Nacional dePesquisas da Amazônia (Inpa).

Segundo o artigo, foram identificados sinais de que a floresta amazônica está passando, em suas porções sul e leste, por um processo detransição para um regime de distúrbios biofísicos, com alterações nos cicloshídricos e energéticos.

"O LBAdeu uma contribuição importante para desvendar os processos físicos, químicos ebiológicos que são responsáveis pelo funcionamento extremamente complexo dafloresta. Esses processos vão desde a dinâmica climática até a interação entrea biologia da floresta e seu funcionamento intrínseco do ponto de vista dosfluxos de calor, de energia, de vapor d"água e de carbono", disse Paulo Artaxo,do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade deSão Paulo (USP)

De acordo com Artaxo, o LBA permitiu concluir que a florestaamazônica tem uma alta capacidade de resiliência, isto é, de superar umasituação crítica e retornar ao seu estado natural de excelência. Mas oexperimento também concluiu que há limites para essa capacidade.

"A floresta desenvolveu, ao longo de seuprocesso evolutivo, mecanismos que permitem recuperar seu ponto de equilíbrio.No entanto, isso tem um limite que pode ser ultrapassado dependendo do grau deperturbação que o homem provoca no ecossistema. Esse delicado equilíbrioprecisa ser respeitado para que o processo de ocupação da Amazônia nãodesestabilize ainda mais o funcionamento do ecossistema", afirmou.

O artigo destaca que a expansão agrícola e avariabilidade climática se tornaram importantes agentes de perturbação na baciaamazônica. Os estudos do LBA mostraram que a resiliência da floresta amazônicaé especialmente considerável em relação às secas anuais moderadas. Mas mostramtambém que as interações entre o desmatamento, as queimadas e as secas podemlevar a perdas de estoques de carbono e a mudanças nos padrões regionais deprecipitação e de vazão dos rios.

"Embora os impactos do uso da terra e da seca nabacia amazônica possam ficar aquém da magnitude da variabilidade natural dosciclos hidrológicos e biogeoquímicos, há alguns sinais de uma transição para umregime de predomínio de distúrbios. Esses sinais incluem modificações nosciclos hídricos e energéticos no sul e no leste da Amazônia", afirmou.

Fonte: Agência Fapesp