São Paulo (Agência Fapesp) - Durante meses Denise Nakabayashi e Alberto Moreau passaram várias horas por dia manuseando uma alavanca de joystick como a de um video-game em uma pequena sala do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. Quem os via até podia pensar que estivessem brincando. Não estavam.
Com o joystick conectado a um cubo de metal menor que uma caixa de sapatos, controlavam duas pequeníssimas barras usadas para manipular um cilindro formado por alguns milhares de átomos de carbono.
O objetivo era fixar esse tubo — chamado nanotubo de carbono por ter uns poucos nanômetros de diâmetro — ao ápice de um cone de silício centenas de vezes maior e, desse modo, aumentar ainda mais a resolução de um microscópio de força atômica. Depois de preparar três pontas, Alberto, aluno de doutorado da física Mônica Cotta, da Unicamp, as utilizou para fazer imagens da superfície de materiais semicondutores. A mesma ponta produziu mais de 400 imagens, sem sofrer danos nem perder resolução. É uma durabilidade pelo menos 20 vezes superior à das pontas de microscópio de força atômica, feitas com silício, que se quebram depois de10 ou 20 imagens.