Uma combinação de películas nanoestruturadas capaz de converter energia solar em elétrica foi está disponível na Nanox, empresa criada por quatro pesquisadores. Já o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) desenvolve catalisadores nanoestruturados mais potentes que viabilizam a produção de energia a partir de hidrogênio. Ambos enfrentam dificuldade de encontrar parceiros comerciais apesar de as indústrias precisarem dessa tecnologia para competir no mercado globalizado.
A distância entre o empresariado e área acadêmica é vista como um dos principais entraves para o desenvolvimento de tecnologia de ponta em nanopartículas no Brasil, segundo avaliação de Ronaldo Marchese, diretor da RJR Eventos, empresa que organiza a única feira de nanotecnologia da América Latina, a Nanotec. Atualmente há cerca de 400 projetos em andamento no País, segundo levantamento da RJR, mas a transferência de conhecimento para o setor produtivo se dá de forma muito lenta. "A cadeia produtiva em geral está muito preocupada com a perda de competitividade da indústria nacional no curto prazo já que ela não está absorvendo as novas tendências", diz. Os investimentos nas micropartículas no País dependem quase que exclusivamente de aportes do governo, algo em torno de US$ 10 milhões ao ano. "É pouco, as empresas líderes em seus setores investem US$ 9,5 bilhões por ano", diz o diretor.
A Nanox por exemplo, foi fundada há dois anos por quatro pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com o apoio da Fapesp para criar e comercializar soluções e aplicações exclusivamente em nanotecnologia. A empresa, no entanto, luta para entrar no promissor segmento de energia limpa ao desenvolver filmes finos transparentes que quando combinados criam células que convertem energia solar em energia elétrica. "Na Europa esse tipo de tecnologia está presente em muitas residências", explica André Luiz Araújo, pesquisador em química e um dos sócios da Nanox.
No momento, os sócios pesquisadores trabalham em projetos para empresas como Rhodia Poliamida e Petrobras e já receberam solicitações para desenvolverem drug deliverers (entregadores de remédio, em português) cuja nanoestrutura permite que a droga aja somente quando alcançar determinado órgão ou região do corpo humano.
A empresa ainda encontrou uma segunda via para entrar no mercado e lança no começo de 2007 um equipamento em escala comercial que permite a síntese de nanopartículas a um baixo custo para empresas que precisam ou preferirem fazer seus próprios testes com micropartículas ao invés de absorverem o que existe no meio acadêmico. O preço do equipamento recém-lançado na Nanotec varia de R$ 10 mil a R$ 50 mil e já tem compradores.
A empresa ainda desenvolveu e começa a comercializar duas outras tecnologias. A primeira, o Nanox Barrier, é um revestimento que protege a superfície de peças de aço garantindo um aumento da vida útil das peças que possuem a proteção. A segunda, Nanox Clean, é um revestimento que garante drástica diminuição de bactérias, fungos e sujeiras provenientes da poluição dos ambientes infectados nas superfícies em que for aplicada, ideal para equipamentos médicos.
Os pesquisadores do programa de célula a combustível do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, que tem desenvolvido produtos químicos nanoestruturados para otimizar a produção de energia elétrica limpa a partir do hidrogênio há 6 anos mas só agora fecha acordo de sigilo com a multinacional do setor químico, a Degussa. A subsidiária da empresa alemã está interessada em adquirir o conhecimento e as inovações do grupo de cientistas em catalisadores, que aceleram a reação química sem serem consumidos no processo, e que torna a obtenção de energia elétrica através do hidrogênio eficaz. "A aplicação de nanotecnologia nesse caso é muito importante para que essas células tenham aplicação prática", afirma Marcelo Linardi, coordenador do programa.
O mercado de produtos com algum componente ou material desenvolvido com uso de nanotecnologia movimentou este ano US$ 82 bilhões no mundo e deverá girar cerca de US$ 2,6 trilhões em 2014, segundo estimativa da Lux Research, empresa líder em consultoria e pesquisa na área. A 2ª edição da Nanotec realiza-se até amanhã, no ITM Expo.
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DCI