Bebedouros com nanotecnologia ajudam a salvar vidas
Beber água livre de bactérias é recomendável para a saúde e a qualidade de vida de um modo geral. Já para algumas pessoas com doenças no fígado que dificultam a eliminação de toxinas é vital controlar a quantidade de bactérias e toxinas ingeridas. Jovens pesquisadores brasileiros, de Araraquara e São Carlos, focados no desenvolvimento da nanotecnologia, criaram um revestimento bactericida formado por nanopartículas de cerâmica e prata, que está sendo aplicado em reservatórios de bebedouros de água da IBBL, tradicional fabricante de bebedouros e purificadores de água, com sede em Itu (SP).
"A resina aplicada internamente nos reservatórios dos purificadores refrigerados forma uma película responsável por inibir a proliferação de bactérias, mesmo quando armazenada durante grandes períodos. Essa tecnologia faz com que a resina aplicada nos reservatórios de água penetre nas células dos microorganismos, assim que eles entram em contato, destruindo suas funções vitais, o que impede que cresçam e se reproduzam", explica o araraquarense Gustavo Simões, presidente da Nanox, empresa de nanotecnologia com sede em São Carlos (SP) e que produz e desenvolve soluções com materiais inteligentes.
A Nanox foi formada por três alunos do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, a partir de pesquisas realizadas no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC). A diferença entre essa inovação e um simples bactericida é que ela é inócua à saúde humana e, uma vez agregada, transforma a superfície permanentemente, por meio de reações químicas e não apenas criando uma camada protetora efêmera. O revestimento é aplicado nas cubas metálicas na sede da Nanox, em São Carlos, e posteriormente os bebedouros são montados em Itu, pela IBBL. Simões explica ainda que uma norma do Ministério do Ministério da Saúde determina que não pode haver mais que 500 colônias de bactérias por mililitro de água para o consumo humano. Sem o revestimento bactericida a água armazenada por dois dias excede duas vezes o previsto pela norma, tornando-se imprópria ao consumo humano.
Os materiais e processos de revestimento da linha batizada por Nanox Clean podem ser aplicados em vidros, metais, cerâmicas e plásticos que necessitam ficar livres de microorganismos danosos à saúde e ao bem-estar das pessoas. Já foi adotada pela Taiff para proteger a sua linha de secadores de cabelo, pela Fortinox para agregar valor à sua linha Hospitalar e, agora, pela IBBL. São os primeiros produtos brasileiros que utilizam nanotecnologia", ressalta Simões. Ele exemplifica também a utilidade da linha no ar condicionado de automóveis, do mesmo modo, para evitar o acúmulo de bactérias e mau cheiro.
Com origem nos laboratórios da universidade, a Nanox mantém parceria com o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Matérias Cerâmicos (CMDMC), um dos dez centros de excelência financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Élson Longo, diretor geral do CMDC, lembra o desenvolvimento do nanobactericida é resultado da tese de doutorado de Gustavo Simões, defendida no Instituto de Química da Unesp, em Araraquara. "Este trabalho representa, na prática, a transferência de conhecimento para a sociedade, por meio do desenvolvimento de um produto que gera riqueza, bem-estar e qualidade de vida à população", disse Longo.
Saiba mais: www.nanox.com.br www.cmdmc.com.br