Notícia

Jornal da Unesp

Nanotecnologia contra inflamações

Publicado em 01 maio 2013

Por Victor Stock

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que destrói cartilagens e danifica ossos. Um dos mais recentes recursos contra esse mal é a terapia gênica, utilizada em casos de desordens genéticas, como diabetes e câncer. Essa nova arma transfere material genético para dentro de certas células, a fi m de substituir, corrigir ou suplementar genes ausentes ou defeituosos.

Uma pesquisa dos programas de pós-graduação em Química e Biofísica Molecular da Unesp de São José do Rio Preto analisa a terapia gênica contra a artrite reumatoide a partir da síntese de nanopartículas, corpos com menos de 100 nanômetros (uma medida um milhão de vezes menor que um centímetro). O trabalho tem apoio financeiro da Fapesp.

Na terapia gênica, geralmente se utiliza como vetor, ou seja, como agente para transportar o material terapêutico, vírus modificados para não oferecer riscos ao organismo. No entanto, esses vírus costumam provocar reações de rejeição do sistema imunológico. “No caso do vetor não viral, a resposta imunológica é menor”, diz o professor Marcio Tiera, orientador dos trabalhos no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce).

MECANISMO DE AÇÃO 

O fator de necrose tumoral alfa (TNFα) é uma proteína importante no processo de inflamação sinovial – que afeta a membrana sinovial, tecido que reveste a parte interior das articulações. O objetivo do trabalho é usar as nanopartículas para o transporte do RNA de interferência (siRNA-TNFα), que bloqueia a produção dessa proteína.

A síntese de partículas é feita pela modificação de quitosana, que é um polímero, ou seja, um composto químico com massa molecular elevada. A quitosana é ligada a outras moléculas responsáveis por melhorar as características das nanopartículas em meio fisiológico. Feita essa ligação, analisa-se a capacidade dessa partícula de carregar genes.

O trabalho, conduzido pelo aluno Bruno Corte, do curso de pós-graduação em Química, foi iniciado pela aluna Isadora Pfeifer Dalla Picola, do curso de pós-graduação em Biofísica, utilizando polímeros sintetizados no Laboratório de Biomateriais e Nanotecnologia do Ibilce.

Em 2012, Corte realizou estudos com camundongos com artrite induzida, cujos resultados estão a inda em fase de análise. Os testes ocorreram no Laboratório de Ortopedia, coordenado pelo doutor Julio C. Fernandes, no Centro de Pesquisa do Hospital do Sacré-Coeur de Montreal.

São José do Rio Preto