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Nanotecnologia: cientistas brasileiros criam tecido anti-Aedes aegypti

Publicado em 19 março 2019

Uma empresa de tecnologia do interior de São Carlos, interior de São Paulo, desenvolveu uma maneira de aplicar inseticida em tecidos por meio de nanopartículas. A partir daí será possível popularizar versões de roupas, lençóis ou mosquiteiros que sejam anti-Aedes aegypti, do mesmo jeito que, hoje, já são comuns no verão brasileiro aquelas camisetas de manga comprida que evitam os raios UV.

A camiseta anti-Aedes aegypti será feita de um tecido que possui um princípio ativo chamado permetrina incorporado às suas fibras. A permetrina é um composto sintético utilizado na fabricação de repelentes e de remédios contra piolhos e lêndeas. As superfícies recobertas por ela afastam os mosquitos, provavelmente, pelo cheiro, apesar de odor não ser perceptível para os humanos. O tecido inteligente também tem um efeito apelidado de “patas quentes”, cuja propriedade é esquentar o ponto de contato no caso de algum mosquito ousar encostar.

O método de fixar a permetrina no tecido foi o pulo do gato dos cientistas paulistas. “Sintetizamos uma nanomolécula que carrega a permetrina e consegue penetrar no tecido. O composto resiste a até cem lavagens, conservando as propriedades”, explica Guilherme Tremiliosi, responsável pela área têxtil da Nanox, empresa que é apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Uma tecnologia semelhante já existe em outros países e é usada, principalmente, para a fabricação de uniformes militares e de agentes de saúde. Ao nacionalizar o método, a empresa espera baratear o custo envolvido na fabricação de produtos têxteis. “Nossa intenção é que o produto seja acessível, que as pessoas possam usá-los no cotidiano”, explica Guilherme Tremiliosi. O tecido já está em teste em indústrias do setor e a previsão é que as camisetas com os bloqueadores de mosquito custem 15% mais caro do que as tradicionais.