Uma empresa de tecnologia do interior de São Carlos, interior de São Paulo, desenvolveu uma maneira de aplicar inseticida em tecidos por meio de nanopartículas. A partir daí será possível popularizar versões de roupas, lençóis ou mosquiteiros que sejam anti-Aedes aegypti, do mesmo jeito que, hoje, já são comuns no verão brasileiro aquelas camisetas de manga comprida que evitam os raios UV.
A camiseta anti-Aedes aegypti será feita de um tecido que possui um princípio ativo chamado permetrina incorporado às suas fibras. A permetrina é um composto sintético utilizado na fabricação de repelentes e de remédios contra piolhos e lêndeas. As superfícies recobertas por ela afastam os mosquitos, provavelmente, pelo cheiro, apesar de odor não ser perceptível para os humanos. O tecido inteligente também tem um efeito apelidado de “patas quentes”, cuja propriedade é esquentar o ponto de contato no caso de algum mosquito ousar encostar.
O método de fixar a permetrina no tecido foi o pulo do gato dos cientistas paulistas. “Sintetizamos uma nanomolécula que carrega a permetrina e consegue penetrar no tecido. O composto resiste a até cem lavagens, conservando as propriedades”, explica Guilherme Tremiliosi, responsável pela área têxtil da Nanox, empresa que é apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Uma tecnologia semelhante já existe em outros países e é usada, principalmente, para a fabricação de uniformes militares e de agentes de saúde. Ao nacionalizar o método, a empresa espera baratear o custo envolvido na fabricação de produtos têxteis. “Nossa intenção é que o produto seja acessível, que as pessoas possam usá-los no cotidiano”, explica Guilherme Tremiliosi. O tecido já está em teste em indústrias do setor e a previsão é que as camisetas com os bloqueadores de mosquito custem 15% mais caro do que as tradicionais.