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Nanotecnologia: Aumentando os Benefícios das Antocianinas na Pesquisa Científica (2 notícias)

Publicado em 07 de março de 2025

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Nanopartículas Aumentam a Biodisponibilidade das Antocianinas Pesquisa publicada no periódico Food Research International revelou que armazenar antocianinas em nanopartículas permite que essa substância passe pelo sistema digestivo sem ser degradada. Esse método resulta em uma absorção mais eficiente e uma maior quantidade de antocianinas nos tecidos, aumentando seus benefícios ao organismo.

As antocianinas são pigmentos derivados de vegetais vermelhos, azuis e violetas, como amora, uva, morango e repolho-roxo. Amplamente estudadas, essas substâncias são reconhecidas por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas, oferecendo proteção contra diversas doenças. Devido a essas características, as antocianinas têm grande potencial para serem incorporadas em novas formulações farmacêuticas, suplementos dietéticos e produtos alimentares como corantes naturais.

No entanto, as antocianinas são extremamente sensíveis a condições ambientais como variação de pH, temperatura, presença de luz e oxigênio, levando à sua rápida degradação no trato gastrointestinal devido à ação das enzimas digestivas e microbiota intestinal. Dessa forma, a biodisponibilidade dessas substâncias é limitada. Pesquisas anteriores mostraram que apenas uma pequena fração de antocianinas é absorvida quando ingerida, permanecendo pouco tempo no organismo.

O estudo, apoiado pela FAPESP, concentrou-se em utilizar nanotecnologia para melhorar a biodisponibilidade e direcionar a entrega das antocianinas no corpo. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), em colaboração com instituições do Brasil e do exterior, descobriram que encapsular as antocianinas em partículas nanométricas recobertas por pectina e lisozima resulta em uma rede de proteção para o composto.

O processo inicial incluiu a extração e purificação da antocianina da amora-preta. Em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a equipe desenvolveu uma metodologia para rotular as moléculas radioativamente. As antocianinas foram então encapsuladas e administradas oralmente a camundongos.

Por meio de tomografia computadorizada, os pesquisadores estudaram a biodistribuição e a biodisponibilidade das antocianinas livres comparadas às nanoencapsuladas, verificando seu alcance na corrente sanguínea e a capacidade de atingir tecidos específicos após a absorção. Os resultados mostraram que as nanoestruturas com antocianinas encapsuladas apresentaram um tempo de trânsito gastrointestinal mais prolongado, sendo absorvidas com maior eficiência e alcançando diversos tecidos. Por outro lado, as antocianinas não encapsuladas foram pouco absorvidas e rapidamente excretadas.

Para garantir a segurança das nanopartículas, testes in vitro foram realizados em células, seguido por testes em roedores, confirmando os resultados iniciais. Os achados do estudo são pioneiros e promissores, fornecendo uma base sólida para futuras pesquisas. No entanto, ainda há etapas importantes a serem concluídas antes que essa nanoformulação possa ser utilizada na prática clínica.

Atualmente, a equipe está desenvolvendo novos estudos in vivo para avaliar a eficácia das antocianinas nanoencapsuladas em diferentes condições e investigando seus efeitos biológicos em doenças específicas. Essas fases futuras serão cruciais para validar o potencial da administração oral das nanoestruturas e seu eventual uso em suplementos, visando a entrega eficaz e segura de compostos bioativos.

Os pesquisadores esperam em breve divulgar novos resultados que contribuirão para este campo de pesquisa e seu desenvolvimento tecnológico, explorando também a possibilidade de produção em escala industrial.

Para mais informações, o artigo "A study of the oral bioavailability and biodistribution increase of Nanoencapsulation-driven Delivering radiolabeled anthocyanins" pode ser acessado em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0963996924011955

Informações da Agência FAPESP