Notícia

Inovação Tecnológica

Nanossatélite avaliará influência dos aerossóis na formação das nuvens (15 notícias)

Publicado em 01 de agosto de 2019

Um nanossatélite, um satélite artificial do tamanho de um pão de forma, vai coletar dados durante um ano sobre os aerossóis atmosféricos e sua influência na formação das nuvens na Terra.

Aerossóis são pequenas partículas suspensas na atmosfera terrestre, como poeira, sal marinho e pólen, mas também incluem aquelas de origem antropogênica, como fuligem de queimadas e poluição urbana. Recentemente se descobriu que a fuligem emitida pelas queimadas na África tem forte impacto no suprimento de elementos essenciais, como o fósforo, para a floresta amazônica.

O pequeno satélite foi desenvolvido pelo grupo liderado pelo brasileiro Vanderlei Martins, atualmente professor da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, com apoio da NASA. Ele foi professor da USP em São Carlos (SP), antes de se mudar para os Estados Unidos.

O instrumento é chamado HARP CubeSat, sendo cubesat uma referência aos satélites artificiais de pequeno porte e HARP uma sigla de Hyper Angular Rainbow Polarimeter.

Ele deverá ser embarcado em outubro em uma missão não tripulada para levar suprimentos para a Estação Espacial Internacional (ISS). Ao chegar lá, será lançado no espaço junto com outros pequenos satélites desenvolvidos por diferentes grupos de pesquisa a partir de uma miniestação de lançamento.

"Trabalhamos as medidas de aerossóis atmosféricos com vários tipos de sensores, sejam de solo, embarcados em aviões ou em satélites. Cada tipo tem uma abrangência diferente. O HARP CubeSat faz imagens parecidas com as de uma câmera de celular, mas também obtém outras informações com o objetivo de fazer medidas científicas. As imagens que ele fizer serão usadas para reproduzir parâmetros geofísicos, como a quantidade e o tipo de poluição da atmosfera", disse Vanderlei, durante um evento realizado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que reúne pesquisadores do Brasil e de outros 33 países.

"O sensor HARP a bordo do cubesat registra duas imagens por segundo, em três estados de polarização simultâneos e quatro comprimentos de onda, com alta resolução espacial. Isso permite observar o mesmo ponto na superfície da Terra e mais de 60 perspectivas diferentes. Quando lançado e operado continuamente em alta resolução, será o sensor ambiental produzindo a maior quantidade de dados a partir do espaço", contou Henrique de Melo Jorge Barbosa, professor da USP e colaborador no projeto.

O grupo já está trabalhando no HARP2, a próxima geração do sensor HARP, que será um dos instrumentos a bordo do satélite PACE (Plankton, Aerosol, Cloud, Ocean Ecosystem), uma missão da NASA dedicada a medir propriedades do oceano e da atmosfera e que tem lançamento previsto para 2023.

A bordo do satélite PACE, o sensor HARP2 coletará e transmitirá uma quantidade de dados muito maior do que é possível com um nanossatélite, e será capaz de monitorar o globo terrestre inteiro a cada dois dias.