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Na Bett, educação climática ganha protagonismo (6 notícias)

Publicado em 30 de abril de 2025

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Especialistas apresentam dados inéditos e defendem o papel das escolas na formação de cidadãos conscientes e sustentáveis

O segundo dia da Bett Brasil 2025 aprofundou o debate sobre educação e sustentabilidade, colocando em evidência o papel das escolas frente às mudanças climáticas e à agenda ESG (ambiental, social e de governança). No painel “Do local ao global: Educação e ESG como estratégias para um mundo sustentável”, especialistas discutiram como formar cidadãos mais conscientes e como a escola pode atuar como catalisadora de ações para um futuro mais equilibrado.

Thaís Brianezi, professora da ECA-USP e membro do comitê consultivo da SECLIMA, apresentou uma pesquisa apoiada pela FAPESP que busca compreender o impacto da comunicação na educação ambiental e climática. Com duração prevista até 2026, o projeto se estrutura em quatro pilares e já iniciou formações experimentais em 35 escolas da rede municipal de São Paulo.

Essas escolas, com apoio de 12 Diretorias Regionais de Ensino, elaboraram planos de ação climática com potencial de escalabilidade por meio do AVAMEC, plataforma virtual do MEC. O projeto ainda é acompanhado pela ferramenta MonitoraEA, voltada ao monitoramento contínuo em instituições públicas.

“Ainda enfrentamos um distanciamento histórico sobre o tema. Precisamos avançar no reconhecimento da importância da educação ambiental”, alertou Thaís durante sua participação no painel.

Juventude é protagonista da ação climática

Edson Grandisoli, diretor educacional do Movimento Escolas pelo Clima, reforçou a urgência da crise, que já ultrapassou seis dos nove limites planetários. Segundo ele, se todos os habitantes do planeta adotassem o padrão de consumo dos EUA, seriam necessários cinco planetas Terra. No caso do Brasil, seriam dois.

Apesar dos dados preocupantes, Grandisoli trouxe também uma mensagem de esperança: as novas gerações estão engajadas. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Mudanças Climáticas, 73,4% das crianças de 7 a 14 anos se dizem preocupadas com o tema, número que sobe para 86,1% entre jovens de 15 a 29 anos e chega a 96,9% entre adultos com mais de 30 anos.

Mais do que preocupação, as crianças também se percebem como capazes de agir — índice que surpreendentemente é maior que o dos jovens. Além disso, são justamente elas as mais otimistas quanto ao futuro, o que, para Grandisoli, é uma oportunidade valiosa para fomentar ações de ativismo climático nas escolas.

“Essa faixa etária reúne os elementos mais importantes para o ativismo climático, especialmente entre as meninas. Precisamos aproveitar esse potencial”, destacou o educador.

Instituições e ESG: entre compromisso e exemplo

O debate também trouxe visões institucionais sobre o papel da educação na agenda ESG. Ewerton Fulini, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, lembrou que a educação é a raiz do conceito ESG, pois é onde se formam comportamentos e valores que moldarão as próximas gerações.

Ele defendeu uma revisão das práticas escolares: “Como as escolas estão cuidando de si mesmas e do planeta? Que competências estão desenvolvendo em seus alunos para que cuidem do outro e diminuam as desigualdades?”. Para Fulini, é preciso pensar em ações que dialoguem com os desafios do século 21.

Carmen Murara, do Grupo Marista, reforçou que o compromisso ESG passa por dois eixos fundamentais: os alunos e o produto educacional oferecido. “Quem são os futuros cidadãos que estamos formando? E de que forma o nosso material de ensino reflete nossos valores?”, questionou.

Carmen destacou a importância de envolver toda a comunidade escolar, desde os gestores até os fornecedores, para criar uma cultura institucional comprometida com a sustentabilidade. “Quando ESG é um valor genuíno dentro da escola, ele se espalha naturalmente”, afirmou.

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