Notícia

A Tarde (BA)

Murchadeira do alface ameaça economia de Lagoa das Flores

Publicado em 30 junho 2003

Os horticultores de Lagoa das Flores, localidade a 3,5 km de Vitória da Conquista, no sudoeste do Estado, estão apreensivos com a rápida disseminação da "murchadeira do alface", provocada por um fungo que provoca a podridão das raízes, reduzindo o tamanho das plantas. A doença, também conhecida como "podridão negra das raízes", ainda não foi diagnosticada pelos técnicos baianos, mas já se constitui em uma ameaça para economia da localidade, com pouco mais de 1.500 moradores, que gira em torno de R$ 6 milhões anuais com a venda de hortifrutigranjeiros e flores. De acordo com estudos econômicos, o "cluster" (agrupamento) produtivo consegue uma renda média superior à de Vitória da Conquista, que é de R$ 800 milhões, para uma população estimada em 350 mil habitantes. O agricultor Deraldo Gomes da Silva Neto é um dos que perderam grande parte da produção de alface por causa da murchadeira. "A gente não tem a certeza de que a doença é essa que o povo está falando; eu ainda acho que é por causa do frio", contemporiza. A manifestação da doença, até então em pontos isolados, deve merecer análise técnica, a pedido do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conquista, conforme assegurou o presidente, Balbino Vieira. A nova doença detectada no País já foi confirmada pela pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) ALTERNATIVAS - Enquanto nenhuma pesquisa é feita na Bahia, a preocupação e a esperança são parceiras nas hortas espalhadas pela pequena comunidade, que durante o ano inteiro deposita confiança na produção para manter a família e abastecer os mercados interno e externo. O alfacicultor Marcos Silva Araújo, por exemplo, diz que prefere aguardar a chegada de técnicos para avaliar a situação e apresentar alternativas contra a doença. Mesmo com a perda, o faturamento médio de cada horticultor é de até três salários-mínimos mensais. "A gente quer produzir uma planta sadia, porque aí o valor triplica", observa Araújo, que envia seus produtos para Feira de Santana, Itabuna, Ilhéus e Jequié. A alface, principal hortaliça folhosa cultivada no Brasil, movimenta R$ 2 bilhões/ano e ocupa uma área de aproximadamente 31 mil hectares, com a geração de cinco empregos diretos por hectare. De acordo com a pesquisa da equipe da ESALQ, as principais variedades de alface tipo lisa e americana cultivadas no Brasil são suscetíveis e "o método mais eficaz, prático e barato para o controle da murchadeira é o emprego de cultivares resistentes ao fungo".