Começa nesta terça-feira, em Macaé (RJ), a Brasil Off Shore, terceira maior feira mundial do setor - atrás apenas da americana OTC, de Houston, e da carioca Rio Oil & Gas. Espera-se que o número de visitantes supere os 44 mil da última edição, em 2007. Há expositores de 34 países. Com a tendência de recuperação dos preços do petróleo e as perspectivas da área de pré-sal, o mundo do petróleo concentrará suas atenções, nos próximos dias, no Brasil e na Petrobras. Até 2013, a estatal brasileira pretende investir US$ 174 bilhões, o que incluirá dezenas de plataformas, 49 petroleiros e nada menos de 124 barcos de apoio.
Projeções indicam que, em 2020, haverá déficit mundial entre 55 milhões e 65 milhões de barris diários. A produção brasileira, que em 2009 será de 2,7 milhões de barris, deverá chegar a 2020 ao nível de 5,7 milhões de barris, com 1,8 milhão oriundos do pré-sal. O Brasil precisa de capital e tecnologia e os estrangeiros buscam novas áreas para explorar, razão pela qual o pré-sal é uma das estrelas do setor. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), Ronaldo Lima, confirma isso:
- A feira servirá para reunir o mundo do petróleo e o Brasil é a bola da vez, com o pré-sal. Executivos de diversas origens vão manter contatos com a Petrobras, à procura de oportunidades.
No entanto, Lima frisa que a estatal tem de correr contra o tempo, para não receber produtos e serviços com atraso. No caso dos 146 barcos de apoio, não há decisão sequer sobre as primeiras 24 unidades, o que gera certa apreensão, uma vez que o processo de contratação de serviços com grupos privados e, depois, a encomenda dessas empresas aos estaleiros, tudo isso demanda tempo. Esses 146 barcos devem significar investimento próximo de US$ 10 bilhões.
- É importante que essas contratações de barcos de apoio sejam logo concluídas, para que não haja interrupção em programa tão importante para a Petrobras e o Brasil. O mercado já está se recuperando e seria importante aproveitar a atual entressafra para deslanchar esse programa - conclui Lima.
Chineses em Macaé
Gente de todo o mundo virá para a Brasil Offshore. O grupo chinês Yantai Jereh estará presente no estande M.91, junto com o representante no Brasil, a Riomar, na área de equipamentos de perfuração off-shore e sondas para uso em terra. Em um segundo estande - o L.59 - outra divisão da Yantai Jereh oferecerá grandes equipamentos para a indústria de óleo e gás. Segundo Pablo Gouvêa, diretor da Riomar, o grupo poderá criar fábrica no Brasil:
- A China vê o Brasil como um de seus maiores parceiros neste momento, já existem conversas para implementar fábricas com transferência de tecnologia chinesa para fabricação de sondas de perfuração. A venda de peças chinesas já existe há algum tempo, mesmo porque todas grandes empresas americanas ou européias lá fabricam. Grandes equipamentos também já foram vendidos ao Brasil, como o guindaste do dique seco do Estaleiro Rio Grande e sondas de terra. Existem chances das empresas chinesas serem parceiras das brasileiras na exploração de petróleo em terra.
Na mostra, o governo fluminense será representado pelo secretário de Desenvolvimento, Júlio Bueno.
Timor Leste
Os brasileiros têm pouco conhecimento de Timor Leste, a mais nova nação do mundo. Colonizada pelos portugueses desde o século XVI, a região, de 19 mil km quadrados, foi ocupada pela Indonésia em 1975 e sofreu um genocídio estimado em 300 mil pessoas. Em 2002, voltou a ser independente e contou com administração da ONU, liderada pelo saudoso Sérgio Vieira de Mello.
Hoje, apenas 20% de sua população - de 1 milhão de habitantes - falam o idioma de Camões. A outra língua oficial é o Tetum, e há ainda 30 dialetos. Mas há um sólido esforço para reintrodução do português, principalmente nas escolas.
O diretor da única emissora de TV do país, a TVTL, Antonio Dias, esteve na Fundação Roberto Marinho, no Rio, como parte de um programa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Lá ganhou 500 horas de programação do Canal Futura e foi dada partida a um intercâmbio técnico e de programação. Hoje, a TVTL produz quatro horas e 30 minutos de programas por dia e, no resto do tempo, usa material da estatal portuguesa RTP.
A emissora adota apenas o português como idioma. Após muito sofrimento, Timor Leste está obtendo bons rendimentos com petróleo e gás, explorados em conjunto com a vizinha Austrália.
Apostas para o PIB
O boletim Focus, do Banco Central, sempre apresenta dados interessantes. Ao contrário de instituições públicas e privadas que fazem projeções no início do ano, com apenas algumas revisões nos meses seguintes, o Focus aponta a opinião de mercado revista a cada sete dias. Após prever retração de 0,71% para o ano, na semana anterior, agora os agentes de mercado esperam queda de 0,55% no Produto Interno Bruto brasileiro.
Mais otimista, o governo, ao longo do tempo, reduziu as expectativas de 4% para 2% e agora aposta em algo próximo a 1%. O ex-ministro Delfim Neto fala em "qualquer coisa acima de zero".
Para a inflação oficial - medida pelo IPCA - a aposta do mercado é em 4,33%, bem próximo da meta oficial de 4,5%. Quanto ao dólar, o mercado espera que, em dezembro, valha R$ 2.
Para quem paga aluguel, as perspectivas são ótimas, pois o IGP-M deverá ficar - segundo o pessoal do mercado - em 1,41%, após alta excessiva no fim do ano passado. Quanto à taxa básica de juros, que está em 9,25% ao ano, os técnicos acreditam que atinja, em dezembro, 9%.
Segundo Focus, a produção industrial deve ser, este ano, 4,7% menor do que a de 2008. A relação dívida/PIB deve se limitar a 39%, o que é um nível bastante aceitável. Diante de dados positivos, o que falta para caírem acentuadamente os juros de mercado?
A crise
Embora sem a expressão de antes, o Fundo Monetário Internacional ainda tem presença no cenário mundial. E o FMI prevê, para a economia norte-americana, queda de 2,5% a 2,8% este ano e alta de 0,75% para 2010. A serem confirmadas essas estimativas, o mundo estará livre da crise em 2010.
Há, ainda, motivos para preocupação, como o desemprego recorde na área do euro. Enquanto os problemas com GM e Citi estão ligados ao coração da crise, o fechamento, nos Estados Unidos, da última loja da Virgin Records - um templo para os amantes de CDs - está mais ligado ao fenômeno Internet.
Rápidas
O Relatório Reservado traz péssima notícia para o Rio de Janeiro: a possível transferência da sede da Xerox para São Paulo. Mas, em contato com esta coluna, a Xerox - que completou nesta segunda-feira 44 anos de compromisso com o Brasil - informa que não tem qualquer intenção de sair da Cidade do Rio de Janeiro, onde escolheu fundar a sede em 1965. Não seguirá, então, outras empresas que adotaram essa rota - Brahma, Aliança Navegação, Flumar, CSN. As autoridades fluminenses ainda insistem em cobrar ICMS mais caro sobre energia e telecomunicações, o que é um suicídio econômico *** A 14ª edição do Fashion Business, que apresentou a coleção primavera-verão 2009-2010, no Píer Mauá, registrou um volume de vendas para o mercado interno 4% superior à edição de junho de 2008, passando de R$ 443 milhões para R$ 461 milhões. "Consideramos esse resultado muito positivo, já que na edição passada, antes da crise, o balanço já havia sido excepcional", explica Jerônimo Vargas, diretor da bolsa de negócios. O público qualificado chegou a 12,5 mil pessoas, 10% a mais do que em junho de 2008 *** Nesta terça-feira, pesquisadores da área de bioenergia participam na Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) do seminário "Impactos Socioeconômicos, Ambientais e de Uso da Terra" *** A Transpetro será a principal patrocinadora da Navalshore 2009 - VI Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, que começará dia 19 de agosto, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio *** Os secretários do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - Crispim Moreira, de Segurança Alimentar e Nutricional, e Ronaldo Garcia, de Articulação Institucional e Parcerias - participam, nesta terça-feira, no Rio, da Oficina Nacional de Gestores Públicos em Economia Solidária *** A semana abriu com Bovespa - e quase todas as bolsas do mundo - em queda e dólar em alta.