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Jornal da Ciência online

Mulheres visíveis

Publicado em 12 fevereiro 2019

A canadense Donna Strickland, da Universidade de Waterloo, tornou-se em outubro a primeira mulher em 55 anos a ganhar o Nobel de Física, partilhado com dois pesquisadores pelo desenvolvimento de uma estratégia que permitiu criar fontes de laser mais intensas e de pulsos muito mais curtos. Curiosamente, o reconhecimento pela sua contribuição foi mais simples de obter entre os jurados do Nobel do que na enciclopédia virtual Wikipedia, que, até a premiação, não mantinha um perfil da física entre seus 5,8 milhões de páginas em inglês. Em março de 2018, sete meses antes do anúncio do prêmio, houve uma tentativa frustrada de criar um perfil da pesquisadora na enciclopédia, mas seus editores deletaram o rascunho feito por um internauta não identificado, por avaliarem que as referências sobre Strickland não a qualificavam para ter uma página – sua biografia no site da Optical Society foi considerada insuficiente. Um perfil da pesquisadora na Wikipedia foi construído rapidamente no dia 6 de outubro e resgatou referências até mesmo de um paper que ela escreveu em 1988.

O caso de Strickland é típico de uma antiga dificuldade apontada por pesquisadoras: sub-representadas em diversas áreas da ciência, elas sofrem com o estereótipo de que são menos capazes do que os homens e frequentemente precisam se esforçar mais do que eles para obter reconhecimento público para seu trabalho. Evidências de que esse diagnóstico é concreto e resistente geraram diversas iniciativas que buscam combater o viés de gênero, e uma delas tem a própria Wikipedia como alvo, sob o comando da física britânica Jessica Wade, de 30 anos. Pesquisadora de pós-doutorado do Imperial College London especializada em polímeros, ela iniciou, em 2017, um esforço para escrever biografias de pesquisadoras e disponibilizá-las na Wikipedia ante a evidência de que 90% dos editores da enciclopédia são homens e apenas 17% dos perfis publicados são de mulheres. “Essa é uma porcentagem geral. Em relação a biografias de cientistas, a proporção é ainda menor”, diz Wade.

Leia a reportagem na íntegra: Revista Pesquisa Fapesp