As cientistas Clarissa Piccinin Frizzo, Cristiane Furtado Canto e Susana Córdoba Torresi foram as vencedoras do 1º Prêmio para Mulheres Brasileiras em Química e Ciências Relacionadas, entregue no dia 11 de setembro no auditório da FAPESP.
O prêmio, uma iniciativa para promover a igualdade de gêneros nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática no Brasil, é patrocinado pelo Chemical Abstracts Service (CAS), divisão da American Chemical Society (ACS), e pela revista Chemical & Engineering News (C&EN). A premiação tem o apoio da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e da FAPESP.
"Essa é a primeira premiação desse tipo que promovemos e vamos fazer mais. Realmente espero que chegue o dia em que não será mais necessário criar iniciativas para premiar mulheres na ciência, mas por enquanto é importante", disse Bibiana Campos, editora-chefe da Chemical & Engineering News.
Campos comentou que outra premiação pela ACS – o Talented 12 –, voltada para jovens cientistas, teve pela primeira vez neste ano equidade de gênero entre os laureados, com seis homens e seis mulheres escolhidos.
"Temos grande interesse em promover a maior participação das mulheres na ciência, tanto que há um mês fizemos um programa de televisão da FAPESP, em parceria com a Folha de S.Paulo, justamente sobre a importância das mulheres na Ciência", disse o professor Eduardo Moacyr Krieger, presidente em exercício da FAPESP.
Outro objetivo do Prêmio para Mulheres Brasileiras em Química e Ciências Relacionadas é avançar na compreensão do impacto da diversidade em pesquisas científicas e na área da química.
"Democracia exige diversidade e diversidade é fundamental para avançarmos em qualidade, pois ciência é o único instrumento que muda uma nação", disse Vanderlan Bolzani, professora titular do Instituto de Química da Unesp e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante o evento.
No entanto, Bolzani ressaltou que, de acordo com a pesquisa Women in Science da Unesco, as mulheres ainda são minoria na ciência, representando apenas 28% dos cientistas no mundo. "No Brasil, essa porcentagem é maior, mas, conforme os cargos e a liderança vão crescendo, a participação feminina diminui", disse Bolzani.
Em sua apresentação, Bolzani levantou dados que mostram essa disparidade. Um exemplo é que, de todos os 125 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), apenas 17 são comandados por mulheres.
"Também é possível ver essa diferença ao analisar dados referentes às bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq. Dos 707 bolsistas, apenas 209 são mulheres, ou 29,6%. Enquanto nas bolsas nível 2, 34% dos 415 bolsistas são mulheres, a situação muda muito nas bolsas nível 1A, que têm nível mais alto. Nelas, apenas 11,1% dos 63 bolsistas são mulheres", disse.
Para Clarissa Piccinin Frizzo, professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e vencedora na categoria Líder Emergente, o prêmio serve como um incentivo não só para ela, mas também para outras mulheres de sua equipe.
"Venho de uma universidade pequena, tenho certeza de que esse incentivo vai se refletir na universidade, no departamento e no meu grupo de trabalho. Tive a sorte de ter mulheres como professoras e orientadoras que serviram como exemplo para mim. Quem sabe esse prêmio possa servir de incentivo para outras mulheres também", disse Frizzo à Agência FAPESP.
Frizzo pesquisa síntese, propriedades e aplicações de líquidos iônicos em próteses ortopédicas e dentárias. Ela tem mais de 106 artigos publicados e uma patente.
Na categoria Liderança na Indústria, Cristiane Furtado Canto, da empresa Oxiteno, foi a vencedora e Suzana Torresi, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), foi laureada na categoria liderança na academia. Além do prêmio de US$ 2 mil, elas foram agraciadas com ID de SciFinder válido por três anos, adesão à ACS por três anos e cobertura jornalística na C&EM.
Fonte: Agência FAPESP