Pesquisa aponta que, pela primeira vez, as mulheres são maioria entre os médicos no Brasil. Elas representam 50,9% do total de profissionais.
Esse aumento é expressivo em comparação com 2010, quando elas correspondiam a 41% da população médica. As projeções indicam que, até 2035, as mulheres serão 56% do total de médicos no país.
O aumento da representação feminina na sociedade médica é para ser comemorado. As mulheres trabalham mais, estudam mais, são mais focadas, mais perfeccionistas e menos sujeitas a distrações quando se empenham em uma tarefa. E em se tratando de saúde e de salvar vidas são mais dedicadas ainda.
O Brasil tem em 2025, aproximadamente 635.706 médicos em atividade , com uma média de 2,98 profissionais por 1.000 habitantes. Embora as mulheres sejam maioria, a distribuição dos profissionais, no entanto, é desigual, com algumas regiões e especialidades com maior concentração.
A pesquisa Demografia Médica no Brasil (DMB) é conduzida há 15 anos pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A edição de 2025 é a primeira realizada com o Ministério da Saúde. A pesquisa reúne dados nacionais e internacionais sobre formação, distribuição e atuação de médicos, com projeções para os próximos anos. Os dados utilizados têm como base registros da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) e das sociedades de especialidades vinculadas à AMB.
A DMB 2025 reúne 10 estudos desenvolvidos por um grupo de 22 pesquisadores e colaboradores da FMUSP. O trabalho é fruto de uma colaboração técnica e científica entre a Universidade de São Paulo , o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Associação Médica Brasileira (AMB), o Ministério da Educação (MEC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
No ensino de Medicina , a presença feminina também tem crescido. Em 2010, as mulheres representavam 53,7% dos matriculados nos cursos de graduação, número que subiu para 61,8% em 2023. Entretanto, elas predominam em apenas 20 das 55 especialidades médicas – a Dermatologia lidera o ranking, com 80,6% das mulheres.
Pela primeira vez, a publicação DMB 2025 apresenta estudos sobre a oferta de cirurgiões e a produção de cirurgias no Brasil, além de um panorama atualizado sobre a Residência Médica e a graduação em Medicina. O documento traz, ainda, análises sobre renda e vínculos empregatícios dos médicos no país.
Entre os destaques, está o Atlas da Demografia Médica , que compila dados atualizados sobre médicos nas 27 unidades da Federação e nas 55 especialidades reconhecidas. “Avaliamos a demografia como um estudo abrangente e de inestimável importância para a compreensão do complexo cenário da medicina nacional. Torna-se premente a análise criteriosa da distribuição e formação dos médicos, sejam eles especialistas ou generalistas, para a preservação da qualidade da assistência à saúde prestada à população e para o embasamento de políticas públicas eficazes no setor” , afirma o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.
O estudo também mostra que 70% dos cirurgiões atuam nos dois setores – público e privado. Outros 20% trabalham exclusivamente no setor privado, e 10% atuam apenas no SUS. Enquanto isso, 8% das cirurgias são canceladas por falta de equipe, principalmente de anestesistas. Os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso às cirurgias pelo SUS e apontam uma forte concentração de especialistas na rede privada de saúde, muitas vezes em instituições que não prestam atendimento ao SUS.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os resultados da demografia médica são fundamentais para orientar estratégias de avanço na área da saúde e a ideia da pasta é aproveitar a capacidade instalada – muitas vezes ociosa – dos hospitais e ambulatórios privados. “Para garantir o tempo adequado para o atendimento médico especializado, resolver problemas de diagnóstico e realizar cirurgias, nós precisamos dar um passo além na parceria com as estruturas privadas onde se concentram os médicos especialistas hoje”, defendeu Padilha.
Dados da Demografia Médica no Brasil 2025:
Número de médicos:
Densidade: 2,98 médicos por 1.000 habitantes.
Distribuição por sexo: 50,9% mulheres e 49,1% homens.
Desigualdades: A concentração de médicos é maior no Distrito Federal (6,28 por 1.000 habitantes) e menor no Maranhão (1,27).
Maior concentração de especialistas: A concentração de médicos especialistas é maior na rede privada.
Crescimento: Em 12 anos, o número de médicos no Brasil cresceu 100%, passando de 315.902 em 2010 para 635.706 em 2025.
Formação: A pesquisa destaca a necessidade de revisar o modelo de formação de especialistas médicos no Brasil.
Cirurgias: Pacientes com plano de saúde são submetidos, proporcionalmente, a mais cirurgias do que os atendidos exclusivamente pelo SUS.
Especialidades com menos especialistas: Genética Médica, Medicina de Emergência, Radioterapia, Fisiatria, Medicina Nuclear, Cirurgia de Mão, Cirurgia Torácica e Medicina Esportiva.
Fotos: Walterson Rosa e Jeronimo Gonzales/MS