No Dia Internacional da Mulher, um levantamento realizado a pedido do Virando Bixo mostra que as desigualdades de gênero afetam o desempenho de garotas e garotos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
De acordo com os dados, nos últimos três anos, as mulheres foram a maioria dos candidatos que fizeram o Enem. No entanto, de maneira geral, suas notas médias tendem a ser menores do que a dos homens. Além disso, elas tendem a ter melhor desempenho em linguagem e ciências humanas do que em matemática e ciências da natureza. É o que mostra a análise das notas de homens e mulheres nas edições 2019, 2018 e 2017 do Enem, feita pela TRIEduc, consultoria especializada na análise de dados educacionais a pedido do Virando Bixo.
Em 2019 as mulheres se equipararam aos homens em linguagem os dois gêneros fizeram, em média, 401 pontos em linguagem. Em 2018 e 2017, a média delas ficara um pouco abaixo daquela obtida por eles. Em 2018, as médias foram, respectivamente, 395 e 398. Em 2017, também respectivamente, foram 355 e 358.
Discrepância em matemática
Os dados também mostram que matemática é a área do conhecimento em que a distância entre a pontuação média das garotas e garotos tende a ser maior ou seja, elas a desvantagem delas é maior, chegando a cerca de 30 pontos.
Em 2017, em matemática, elas tiveram em média 330 pontos e eles 358 (ou seja, 28 pontos de diferença). No ano seguinte, foram 30 pontos de diferença média de 367 para as mulheres e 397 para os homens. Em 2019, foram computados 32 pontos de diferença: a média das garotas foi de 368 e a dos garotos, 400.
De acordo com a Unesco, as mulheres são minoria nas áreas de matemática, tecnologia engenharia e ciências da natureza
Segundo diversas pesquisas, a diferença de desempenho de meninos e meninas em matemática pode ser explicada por desigualdades de gênero; quer dizer, fatores como a baixa expectativa em relação ao desempenho das meninas em matemática afetam seu desempenho nessa área do conhecimento. De maneira geral, acredita-se que "matemática é coisa de menino".
Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontam uma prevalência masculina de 65% nas áreas Stem, sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharias e matemática. Nesta última, o problema é especialmente acentuado, de acordo com a revista Fapesp Pesquisa.
Em contrapartida a esse cenário, iniciativas como o torneio Meninas na Matemática buscam estimular o envolvimento das meninas com a área.
O mesmo pode ser dito sobre o desempenho em ciências naturais, área do conhecimento em que se percebe uma diferença significativa entre as médias das candidatas e dos candidatos ao Enem 14 pontos em 2017, 8 pontos em 2018 e 15 pontos em 2019.
Confira a seguir as médias em cada área do conhecimento e em cada ano.
Enem 2017
Candidatas: 3.946.756
Candidatos: 2.784.585
Ciências da Natureza
Mulheres: 331
Homens: 345
Ciências Humanas
Mulheres: 357
Homens: 371
Linguagem
Mulheres: 355
Homens: 371
Matemática
Mulheres: 330
Homens: 358
Enem 2018
Candidatas: 3.257.703
Candidatos: 2.256.044
Ciências da Natureza
Mulheres: 346
Homens: 354
Ciências Humanas
Mulheres: 425
Homens: 431
Linguagem
Mulheres: 395
Homens: 398
Matemática
Mulheres: 367
Homens: 397
Enem 2019
Candidatas: 3031822
Candidatos: 2063448
Ciências da Natureza
Mulheres: 342
Homens: 357
Ciências Humanas
Mulheres: 387
Homens: 396
Linguagem
Mulheres: 401
Homens: 401
Matemática
Mulheres: 368
Homens: 400