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Mulheres cientistas são decisivas para o avanço da humanidade (2 notícias)

Publicado em 08 de março de 2022

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Por Jornal Nacional

Neste 8 de março, a homenagem do Jornal Nacional às mulheres vai ser direcionada para as que ganharam uma relevância gigantesca nos últimos anos: as que se dedicaram e dedicaram talento e empenho à ciência.

Nem que seja a conta-gotas, os espaços vão sendo conquistados por elas. Duas mulheres passaram a pandemia avançando em pesquisas para ajudar quem sofre de uma síndrome que leva à falência dos rins. No Instituto Butantan, 71% dos pesquisadores são mulheres. Mas, até chegar ao laboratório, a mestranda Izabella de Macedo Henrique conta que faltaram referências.

“É meio difícil você ver exemplos de cientistas na escola ou nos lugares comuns mesmo, de ver representação. Quando você entra no mundo da ciência, você vê que é bem diferente e que a gente tem vários exemplos. Até hoje, eu só tive orientadoras mulheres, a Roxane, que é sensacional”, conta.

Já quando a pesquisadora Roxane Piazza começou, era diferente.

“Era um ambiente predominantemente masculino. Os professores que chegavam ao topo da carreira eram homens, muito menos mulheres chegavam ao topo da carreira”, explica.

Outras duas apaixonadas por ciência se conheceram graças ao projeto "Meninas SuperCientistas", da Unicamp, que leva garotas em idade escolar para conhecer o trabalho de pesquisadoras. A aluna Marcela Medicina Ferreira, de Matemática Aplicada da Unicamp, ajuda nessa ponte para que outras não tenham que escutar o que ela ouviu quando ainda prestava vestibular.

“’Você tem certeza de que vai fazer esse curso?’, ‘Será que você vai aguentar? É muito difícil’. E, por exemplo, eu tenho a impressão de que, se fosse um colega de turma homem, ele não ouviria essas coisas, sabe?”, relembra.

Depois de ter conhecido mulheres cientistas, a aluna de ensino médio Mariana de Melo Camargo se sente mais perto do sonho.

“Meu sonho desde pequena é ser astronauta e colonizar outro planeta. Gostaria muito de participar disso”, afirma.

“A gente fica feliz, emocionada de ouvir esse tipo de coisa. Esses sorrisinhos já deixam a gente cheia de esperança de que no futuro nós vamos ser muito mais meninas fazendo coisas incríveis”, diz Marcela.

Na Universidade de São Paulo, por exemplo, a presença feminina nos cursos de graduação de ciências, tecnologia, engenharia e matemática ainda é menor do que a masculina, mas aumentou nos últimos anos. Em 2000, eram três homens para cada mulher. Em 2019, eram dois para cada aluna.

Mesmo em desvantagem, as descobertas feitas pelas cientistas têm sido decisivas para o avanço da humanidade. A pandemia colocou em destaque trabalhos como o das pesquisadoras que tiveram papel fundamental no sequenciamento do genoma do coronavírus em apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso no Brasil. Elas são da USP. A doutora Jaqueline Goes defende mais oportunidades no mundo da ciência.

“Projetos que envolvem a capacitação dessas jovens, aquelas que não têm uma oportunidade natural, digo tanto educacional quanto financeiramente, de ocupar esses ambientes, de estar nesses espaços, é que a gente consegue então mudar essa realidade”, destaca.

Quem não teve referências científicas na infância agora serve de inspiração para a futura geração de pesquisadoras.

“A mulher pode estar onde ela quiser e ela deve ocupar o espaço que ela quiser, sem ter dificuldades de acessar esses espaços. Então, é justamente isso, inclusive na ciência”, destaca.