Aproximadamente 17% dos idosos residentes em Campinas sofrem quedas num período de 12 meses. A projeção aparece em uma pesquisa realizada para o programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. De acordo com os dados da tese divulgada há poucos dias, a ocorrência é maior no sexo feminino e aumenta com a idade, atingindo 23,7% da população com 80 anos ou mais. O estudo, conduzido pela enfermeira Mariana Mapelli de Paiva, considerou dados de 986 idosos que participaram do Inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp).
As entrevistas foram realizadas pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde entre 2014 e 2015, com subsídio financeiro da Fapesp. O objetivo foi analisar o impacto dos tombos na qualidade de vida dessas pessoas. Segundo a orientadora da pesquisa, professora Marilisa Berti de Azevedo Barros, que também coordenou o ISACamp, “a dependência em atividades básicas da vida diária como vestir-se, deitar-se ou levantar-se aumentam em 52% a ocorrência de quedas”. Já a necessidade de atividades instrumentais da vida diária como utilizar transporte, fazer compras, preparar as refeições, fazer tarefas domésticas, tomar remédios, cuidar das finanças e deixar de dirigir automóvel, de acordo com a docente, sobe o risco em 68%.
Examinando as condições de saúde dos idosos em relação às quedas, a pesquisadora conclui que a maior parte dos tombos registrados se apresentaram associados ao aumento do número de doenças crônicas e de outros problemas de saúde na população nessa faixa etária. A frequência de quedas é maior, aponta o estudo, entre os idosos com artrite, reumatismo e artrose, enxaqueca ou dor de cabeça, dor nas costas, alergias, problema emocional e tontura ou vertigem. A prevalência foi mais elevada, também, nos que fazem o uso de bengala, muleta ou andador.
DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS
“O crescente envelhecimento da população brasileira traz consigo sérios desafios a serem enfrentados. Entre eles encontra-se a elevada ocorrência de quedas em idosos propiciadas por alterações fisiológicas que afetam a estabilidade corporal e por múltiplos fatores individuais e ambientais”, dia Marilisa Berti de Azevedo Barros, professora da Unicamp.
Questionário usado avalia o problema em seis dimensões
O questionário usado pela pesquisadora adota dimensões ou domínios para avaliar a percepção sobre qualidade de vida. Idosos que sofreram 3 ou mais quedas apresentaram declínios em 6 dimensões: dor, capacidade funcional, aspectos físicos, aspectos emocionais, sociais e de saúde mental. Já os que sofreram 1 ou 2 tombos apresentaram prejuízo apenas no domínio de dor. O estudo mostrou que quedas decorrentes de tontura ou desmaio resultaram em prejuízos de maior magnitude em relação a escorregão ou tropeção.