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Jornal da Cidade (Bauru, SP) online

Muito procurada por casais, reprodução assistida é uma das causas do problema

Publicado em 02 março 2008

Pode ser muito mais difícil para uma mulher ter uma gravidez bem-sucedida do que se imagina, de acordo com especialistas da Sociedade Brasileira de Imunologia. No Brasil, cerca de 5% dos casais que querem ter filhos sofrem de problemas de infertilidade e apenas 35% a 45% obtêm sucesso no tratamento de reprodução assistida, segundo dados apresentados pela médica Sílvia Daher, professora do Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A pré-eclampsia — hiper-tensão durante a gestação — ocorre em 10% dos casos de gravidez no País, enquanto que de 10% a 20% dos casos de gravidez acabam em partos prematuros e 1% das mulheres grávidas têm gestação ectópica, ou seja, como não conseguem criar ambiente no útero, a gestação acaba acontecendo fora dele. O chamado aborto de repetição — que acontece espontaneamente mais de três vezes consecutivas durante o primeiro trimestre de gravidez — é registrado em 0,5% dos casos.

"São patologias da gravidez, muitas vezes relacionadas a causas imunológicas. Porém, existem testes que ajudam a definir o perfil imunológico da mulher e detectam o que pode favorecer o aparecimento de uma patologia", diz Daher.

Segundo ela, em muitos casos não se consegue diagnosticar a causa de uma dessas doenças. "E isso que nos leva a pensar em comprometimento imunológico. Existem, por exemplo, reações auto-imunes, quando a mulher, tendo um agente estranho dentro dela, acaba reagindo contra ela mesma. É o que ocorre na pré-eclampsia", explica a pesquisadora. Outra causa estudada atualmente é a reação alo-imune, quando a mulher responde inadequadamente ao feto.

São fatores que podem gerar infertilidade ou um aborto espontâneo de repetição. No entanto, destaca a imunologista, existem estratégias para resolver esses problemas, como a transfusão de linfócitos paternos, tratamento controverso permitido apenas em alguns países.

"O problema desse tratamento é que o feto tem antígenos paternos, que são a marca do pai. Então, a mulher precisa estar com o sistema imunológico bem equilibrado para poder perceber a diferença e fazer a resposta imune sem abortar", diz Daher. (Agência Fapesp).