Excesso de treino pode causar danos ao fígado e ao coração Gisele Borto leto prática da atividade esportiva em excesso, sem o período adequado de recuperação, o chamado o ver training, pode causar danos muito além da queda no rendimento dos atletas. Isso acontece porque lesões no tecido musculoesquelético causadas pelo exercício excessivo induziriam a liberação na corrente sanguínea de substâncias pró-inflamatórias (proteínas produzidas por células de defesa e conhecidas como citocinas), que desencadeariam os efeitos sistêmicos.
O ver training é uma palavra que vem do inglês, “ sobrecarga ”, que pode afetar negativamente o sistema nervoso e metabólico. “ Em alguns casos, a prática pode causar falta de apetite, irritabilidade e até problemas para dormir ”, explica o ortopedista Pedro aches Jorge. Uma série de estudos conduzidos na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, demonstrou que as consequências para o organismo vão muito além da queda no rendimento esportivo, com efeitos prejudiciais no tecido musculoesquelético, coração, fígado e sistema nervoso central. Além disso, os resultados obtidos nos experimentos com camundongos contrariam a hipótese de que as citocinas pró-inflamatórias seriam o único fator responsável pela queda na performance, que, nos animais, se manteve prejudicada mesmo depois que o nível dessas substâncias no sangue se normalizou.
As pesquisas são coordenadas pelo professor Adelino Sanchez Ramos da Silva, da Escola de Educação Física e Esporte. Os resultados foram reunidos em um artigo publicado na revista Cy tokin e, que reúne também dados de estudos feitos por outros grupos de pesquisa. “ Essas informações devem servir de alerta para quem treina de forma excessiva.
Os atletas de elite, muitas vezes, não têm opção devido à pressão de treinadores, patrocinadores e competições. Mas é fundamental que seja ao menos respeitado o tempo mínimo de recuperação ”, disse Silva à Agência Fapesp. Diferentes protocolos de o ver training- corrida no plano, na subida e na descida- foram testados em camundongos com o objetivo de entender a ação das citocinas pró Inflamatórias induzidas pelo exercício físico excessivo em diferentes tecidos. A duração do treino foi de oito semanas- sendo as quatro primeiras uma fase de adaptação. Segundo o pesquisador, a inflamação observada no sistema nervoso central foi revertida após o descanso de duas semanas. O peso corporal e o apetite também foram normalizados.