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Muitas dúvidas, uma certeza

Publicado em 17 abril 2014

Por Elisa Campos

Aos 28 anos o paulistano Rodrigo Teles assumiu o comando da Endeavor no Brasil. Aos 32, foi selecionado para liderar a Fundação Estudar, instituição sem fins lucrativos criada pelo trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, para distribuir bolsas de estudo a jovens com alto potencial. Por trás do belo currículo e do selo de aprovação de alguns dos mais bem-sucedidos empresários do país, Teles guarda uma forte paixão pelo empreendedorismo. “Para mim, empreendedorismo é muito mais do que montar empresa. É uma atitude de vida.”

Filho de uma professora e um economista, Teles estudou no Porto Seguro, tradicional colégio alemão de São Paulo. Na hora de definir a profissão, ficou na dúvida. “Eu não sabia muito o que fazer da vida, então optei por administração.” Ele fez a graduação na FGV-SP. Mas, numa derrapada do destino, quase largou a faculdade para fazer teatro. Chegou à última fase do processo seletivo da EAD-USP, porém foi reprovado. Continuou na GV e conseguiu um emprego na Danone, onde ficou um ano e meio, na área de marketing. Tudo ia bem até que, depois de uma troca de chefe, ele se desanimou e decidiu sair da empresa. Disputa acirrada

No ano passado, a Fundação Estudar recebeu 30 mil inscrições de estudantes interessados nas 30 bolsas concedidas para 2014

Mais uma vez na dúvida, decidiu apostar em três frentes: investiu num restaurante, abriu uma escola de surfe e montou uma consultoria para ajudar quem queria abrir negócio próprio. A consultoria era o principal projeto, mas a empreitada não teve um final feliz. “Para ter uma consultoria, você precisa ter credibilidade, rede de contatos e capital. Eu não tinha nada disso.” O fracasso o levaria à porta da Endeavor, instituto internacional de fomento ao empreendedorismo, trazido ao Brasil por Beto Sicupira. Teles conheceu a organização por meio de seus sócios na consultoria. Fez contato com Marilia Rocca, que à época comandava a organização, e “pegou no seu pé” por dois meses até ela contratá-lo, em 2003.

O primeiro trabalho no instituto foi numa parceria entre a Endeavor, a Fapesp e o Sebrae, para incentivar empreendedores de cunho científico, num programa orçado em R$ 20 milhões. Nos anos seguintes, Teles trabalharia em diversas outras áreas da Endeavor. Varreu o Brasil em busca de empreendedores com potencial de crescimento, deu apoio a empresários e atuou no setor de marketing e comunicação, onde articulou a primeira participação da Endeavor como organizadora da Semana Global do Empreendedorismo. "Empreendedorismo é muito mais do que montar uma empresa. É atitude de vida"

Passados quatro anos, Teles decidiu sair da organização para trabalhar como diretor de marketing da Mãe Terra, empresa de produtos naturais e orgânicos. A companhia tinha acabado de ser comprada por Marilia Rocca e seu sócio, Alexandre Borges, fundador da Flores Online. Mais uma vez, Teles tinha ido perseguir Marilia por um emprego. A passagem pela Mãe Terra, no entanto, durou pouco. Um ano depois, veio o convite para que participasse do processo de seleção para a presidência da Endeavor. Depois de apresentar um plano de expansão para a organização, levou o cargo. “Os quatro anos que fiquei na posição foram de crescimento acelerado. A Endeavor quadruplicou em tamanho e atingiu sustentabilidade financeira. Abrimos sete escritórios e criamos um braço educacional e outro de pesquisa.”

Ao término de seu mandato à frente da Endeavor, Teles ficou sabendo que a Fundação Estudar procurava um executivo para liderá-la. Teve interesse, foi conversar com Beto Sicupira e conseguiu a vaga. Ao assumir, inovou na gestão: queria compartilhar o cargo de diretor-geral. Chamou Fabio Tran, que havia trabalhado com ele na Mãe Terra. A missão da dupla é ampliar o alcance da fundação. Os planos de Teles para o futuro? “Desde que continue a empreender, seja na Fundação Estudar, numa outra ONG, numa empresa ou em meu próprio negócio, não importa.”