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Mudas descartadas podem restaurar outras matas (1 notícias)

Publicado em 16 de julho de 2013

Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP), verificaram que é possível transplantar ervas, palmeiras, trepadeiras, bromélias e orquídeas de uma floresta a ser perdida para outras, em formação. Calcula-se que as mudas pequenas (plântulas) de árvores e arbustos e o solo superficial carregado de sementes - geralmente não aproveitados - representem 50% da diversidade biológica de uma mata e, agora se vê, pode complementar o plantio de mudas de árvores e arbustos.

De acordo com Sergius Gandolfi, que coordenou o estudo, de 80 mil a 190 mil mudas de árvores poderiam ser retiradas de apenas um hectare de floresta madura, antes de ser cortada. Com esse material seria possível replantar mais de 40 hectares, estimam os pesquisadores da Esalq. Das matas a serem cortadas também se poderiam retirar epífitas (orquídeas e bromélias) e trepadeiras, que ajudam a reestabelecer a interação entre plantas, animais e o solo nas matas em que fossem introduzidas. Arbustos, ervas, palmeiras, bromélias e orquídeas deixam as florestas em restauração mais diversificadas, coloridas e floridas que as formadas apenas por árvores.

Se apenas uma parte das plântulas dos 590 hectares que foram legalmente desmatados em 2009 e 2010 no Estado de São Paulo tivesse sido colhida, teria sido possível replantar pelo menos 23 mil hectares de novas matas, de acordo com os cálculos da equipe de pesquisadores. Se a camada de solo superficial cheia de sementes também tivesse sido retirada da área desmatada e depois espalhada em áreas degradadas, mais 3 mil hectares poderiam ter sido restaurados.

Os pesquisadores da Esalq propõem três técnicas para reaproveitar sementes, mudas ou epífitas de uma mata a ser perdida. A primeira é a retirada de uma camada de 30 centímetros do solo superficial, contendo sementes, raízes e botões germinativos, da área a ser desmatada. A segunda consiste na retirada de mudas das áreas a serem desmatadas. E a terceira é o transplante de epífitas.

"Os órgãos reguladores do governo poderiam incentivar o uso de materiais das áreas de desmatamentos legais, por meio de leis, encorajando os responsáveis a doarem e receberem esse material", pondera Gandolfi. Segundo ele, a retirada de mudas de árvores nativas que crescem espontaneamente nos eucaliptais e são destruídas a cada seis anos, quando os eucaliptos são cortados e replantados, também poderia ser estimulada. "As empresas florestais poderiam colher e doar esse material a pequenos agricultores ou mesmo autorizar a coleta sem custos pelo governo, viveiristas ou cooperativas", completa.

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Terra da Gente, com info Revista Pesquisa Fapesp