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Mudanças genéticas na cana podem aumentar em até 50% produção de etanol por hectare (1 notícias)

Publicado em 02 de maio de 2010

Por Sabrina Craide

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) estuda 25 projetos com o objetivo de aumentar o plantio de cana-de-açúcar e a eficiência da produção de etanol no país. Com isso, será possível elevar em até 50% a produção de álcool por hectare de cana plantada, que hoje é de 7 mil litros.

A coordenadora do Programa de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) da Fapesp, Gláucia Souza, explica que a cana foi sendo modificada ao longo do tempo para aumentar a produção de açúcar voltada à alimentação. Agora os cientistas estão fazendo o caminho inverso, modificando a planta geneticamente para produzir mais etanol de uma maneira economicamente viável.

No Brasil já temos um programa de produção de etanol muito bem-sucedido há muitos anos, e mais recentemente começamos a pensar em usar a parede celular da planta para a produção de etanol, não só o caldo da cana, que já é rico em sacarose, mas também o bagaço e a palha que são deixados no campo quando a cana é colhida, diz a professora.

Ainda não há uma previsão de quando os resultados dessas pesquisas vão começar a ter efeito, mas a coordenadora adianta que cada novo cultivar da cana tem levado entre dez a 12 anos para ser lançado. Como tudo isso demora muito tempo, temos que prever qual a cana que vai ser necessária daqui a dez anos, diz. Mesmo assim, ela aposta que, com a eficiência na produção do etanol, o produto poderá se tornar mais barato, lembrando que atualmente 70% dos custos de produção do etanol estão na agricultura.

Só para se ter uma ideia, atualmente a média comercial de produção de cana-de-açúcar mundialmente é de 80 toneladas por hectare, mas o potencial é de 380 toneladas, se forem levados em conta os programas de melhoramento que estão sendo estudados em vários países. Tem muito ainda a ser melhorado na cana-de-açúcar e a ideia é usar a biotecnologia para aumentar a produtividade e resistência à seca e aos insetos, diz Gláucia Souza.

Ela conta que os estudos para desenvolver o etanol celulósico são mais recentes no Brasil do que em outros países, porque aqui já se utiliza o bagaço para a cogeração de energia elétrica nas usinas. A coordenadora do Bioen prevê que o Brasil ganhará ainda mais prestígio no cenário internacional se conseguir promover a expansão da cana e das tecnologias de produção de etanol de maneira sustentável. O Brasil já é um exemplo de liderança nessa área, os países têm ficado maravilhados com o modelo brasileiro da cana-de-açúcar, diz.

Agência Brasil