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Mudanças climáticas intensificaram chuvas no RS, diz estudo (6 notícias)

Publicado em 04 de junho de 2024

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Um estudo do Imperial College de Londres , no Reino Unido, divulgado nesta 2ª feira (3.jun.2024) mostrou que as chuvas no Rio Grande do Sul foram intensificadas pelas mudanças climáticas.

 

Os pesquisadores também apontaram o fenômeno El Niño e falhas de infraestrutura como culpados pelas enchentes que atingem o Estado desde o começo de maio.

Investigadores de Brasil, Reino Unido, Suécia, Holanda e Estados Unidos relataram que o aquecimento global fez com que a precipitação acumulada no período aumentasse entre 6% e 9%. Eis a íntegra do estudo –em inglês (18 MB).

“O principal resultado do estudo foi que as mudanças climáticas dobraram a chance de eventos como esse de maio de 2024 no Rio Grande do Sul” , disse a oceanógrafa Regina Rodrigues, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), uma das autoras da análise, à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O El Niño foi identificado como um fenômeno presente na maioria dos eventos anteriores de forte chuva que ocorreram na área nos últimos anos. O aquecimento das águas do oceano Pacífico fez da pluviosidade no Estado entre 3% e 10% mais intensa e aumentou de duas a 5 vezes a chance desse evento extremo acontecer.

Os pesquisadores afirmam que os mais prejudicados são os mais pobres –residentes em assentamentos informais, aldeias indígenas e comunidades quilombolas.

As fortes chuvas que caíram sobre o Rio Grande do Sul no último mês causaram o pior desastre da história do Estado. Ao todo, 2,3 milhões de pessoas e 475 dos 497 municípios gaúchos foram afetados, até o momento. Há 172 mortes confirmadas e 806 feridos, além de 42 desaparecidos. As informações são do último boletim divulgado pela Defesa Civil , às 9h desta 2ª feira.

INVESTIMENTOS

Os autores também citam a redução do investimento e manutenção do sistema de inundações de Porto Alegre. O sistema anti-cheias foi construído para suportar um nível de 6 metros de água, mas começou a apresentar falhas aos 4,5 m de inundação.

“Isto, para além da natureza extrema deste evento, contribuiu para os impactos significativos das cheias e aponta para a necessidade de avaliar objetivamente o risco e de reforçar as infraestruturas de cheias para serem resilientes a esta e a futuras cheias ainda mais extremas” , afirma o estudo.

A pesquisa mostrou também que as leis de proteção contra construções em hidrovias não são aplicadas como deveriam, “levando à invasão de terras propensas a inundações e, portanto, aumentando a exposição das pessoas e da infraestrutura aos riscos de inundação”.

Por fim, o documento aponta a melhora da comunicação de riscos como meio importante para alertar e incentivar a população a tomar decisões adequadas diante da possibilidade de tragédias.