Um diagnóstico apresentado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), na última quinta-feira, durante o seminário "Eventos extremos no Brasil: causas e impactos", mostrou que ainda não é possível conhecer as causas dos extremos climáticos que têm ocorrido no Brasil recentemente, como as fortes chuvas que provocaram a morte de 135 pessoas em Santa Catarina, em novembro de 2008 ou a saca que atingiu o Rio Grande do Sul em maio deste ano e levou mais de 160 cidades a decretar estado de emergência por falta de água.
Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirmou, durante o evento que, por enquanto, o que existe são questões sem respostas. "Ainda não temos respostas sobre as causas dos extremos climáticos que vêm ocorrendo no Brasil - e também no mundo. Não sabemos ainda se as fortes chuvas que atingiram Santa Catarina foram causadas por um extremo normal do clima característico da região da América do Sul, que sofre influência do oceano Atlântico, ou se isso é um precursor da mudança climática", disse.
Da mesma forma, em Bauru, os meteorologistas do Instituto de Pesquisa Meteorológicas (IPMet) ainda não têm uma explicação para o aumento na quantidade de chuva na cidade nos últimos três anos durante o inverno, estação habitualmente seca. Nos meses de junho, julho e agosto deste ano, a precipitação acumulada em Bauru foi de 210,8 milímetros. No mesmo período de 2008 e 2007, as chuvas acumularam, respectivamente, 112,3 e 242,8 milímetros. Valores bem superiores aos três anos anteriores, que em média, registraram precipitação de 64,2 milímetros.
Mateus da Silva Teixeira, meteorologista do IPMet, explica que ainda não há um estudo que explique o aumento da precipitação. "Nós últimos três anos, a precipitação tem sido alta no inverno, mas não tenho como dar uma explicação específica porque não há nenhum evento de grande escala, como El Niño, que afete significativamente a região", afirma.
Ele explica que, em 2007, o motivo da grande quantidade de chuvas foi a chegada de duas frentes frias. "Teria que ser feita uma analise mais pontual para saber o que ocasionou as frentes frias naquele período e fez com que elas conseguissem entrar e causar tanta chuva", finaliza.
Com informações da Agência Fapesp