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Jornal do Commercio (RJ)

Mudança de temperatura pode elevar risco de infarto (1 notícias)

Publicado em 29 de janeiro de 2005

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Coração (Incor) mostrou que as mudanças bruscas de temperatura em grandes cidades, principalmente do quente para o frio, podem aumentar o risco de infarto na população. O estudo relacionou o número diário de mortes ocasionadas por problemas cardiovasculares, de 1998 a 2000, com informações sobre temperatura, umidade do ar, pressão e poluição atmosférica na região metropolitana de São Paulo.
As estatísticas apontaram que, nos dias em que foram registrados baixas temperaturas na cidade, o número de infartos aumentou, principalmente entre os mais velhos. A pesquisa, que serviu como tese de doutorado para o médico associado do Incor Rodolfo Scharovisky, apresentada em 2004 na Faculdade de Medicina da USP, foi coordenada pelo diretor da Unidade Clínica de Coronariopatias do Incor, Luiz Antonio Machado César.
Os pesquisadores dividiram os dados sobre a temperatura na capital paulista em dez categorias. As mais baixas variavam de 12 a 13 graus Celsius, enquanto as mais altas, de 25 a 26.

Clima ameno
"Após a realização de um estudo de séries temporais, verificamos que nos dias com extremos de temperatura ocorreram 30% a mais de mortes por infarto do miocárdio do que naqueles com clima ameno", disse Rodolfo Scharovisky. "A poluição do ar e a temperatura são as variáveis com maior influência no aumento de mortes por infarto do miocárdio."
Os pesquisadores apontam três motivos principais que podem explicar a relação entre as condições do tempo e as variações no número de infartos. Além das inflamações respiratórias que colaboram com problemas cardiovasculares, os fatores de coagulação do sangue ficam mais ativos em dias frios, favorecendo o fechamento das artérias coronárias.
Um terceiro motivo seria a vasoconstrição. Para evitar a perda de calor em baixas temperaturas, os vasos sangüíneos se contraem, provocando a elevação da pressão arterial e a obstrução em pessoas que já possuem algum tipo de placa de gordura atrapalhando a circulação arterial. (Agência FAPESP)