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Mudança de mochila pode reduzir cansaço de carteiros (1 notícias)

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Por Júlio Bernardes

Peso é distribuído pelos dois lados do corpo por mochila dupla, dando mais simetria ao esforço dos carteiros

Qual o melhor tipo de mochila para o trabalho dos carteiros? Uma pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP mostra que a adoção de uma mochila com duas bolsas e um cinto horizontal, ao distribuir melhor a carga no corpo do carteiro, pode reduzir o gasto metabólico e, conseqüentemente, o cansaço. O estudo, que envolveu 49 carteiros de São Paulo, foi feito pelo professor de educação física Germano Mongeli Peneireiro.

O pesquisador explica que três tipos de mochila foram testadas em uma esteira instrumentada. "Além da Mochila Lateral Simples (MLS), adotada atualmente pelos Correios, avaliou-se um protótipo de Mochila Lateral com Cinto Pélvico (MLCP) cedido por uma empresa, e uma Mochila Dupla com Cinto Pélvico (MDCP), desenvolvida especialmente para a pesquisa", conta. "Durante dez minutos, as mochilas eram testadas com uma carga de nove quilos".

Para cada mochila foram avaliados padrões biomecânicos, como o padrão da força de reação do solo da marcha, impulso, impacto e a simetria entre as forças aplicadas no pé esquerdo e no direito. "A Mochila Dupla (MDCP) distribui o peso pelos dois lados do corpo, por isso apresentou maior simetria na produção de força nos lados direito e esquerdo", relata Peneireiro.

"No caso da Mochila Lateral Simples (MLS), o uso habitual faz com que os carteiros utilizem de estratégias de recrutamento dos músculos do  aparelho locomotor que gera menores impactos e impulsos quando comparado com a Mochila Dupla (MDCP), sendo menos prejudicial ao aparelho locomotor".

Cansaço

Por meio de um analisador de gases, foram medidas variáveis fisiológicas como o volume de ar inspirado por minuto (ventilação) e o consumo de oxigênio. "As diferenças na ventilação e no consumo de oxigênio com o uso de cada uma das três mochilas foram pequenas, mas os valores foram menores com a Mochila Dupla", aponta o pesquisador. "Isto pode indicar menos esforço físico e menos cansaço, podendo tornar-se significativo numa jornada de trabalho longa como a dos carteiros".

Os testes foram feitos apenas com carteiros que não apresentavam problemas no aparelho locomotor, ou decorrentes do uso da mochila. Embora os resultados fisiológicos obtidos pelas três mochilas sejam semelhantes, Peneireiro aponta algumas diferenças. "A Mochila Lateral Simples parece induzir a uma maior demanda metabólica, influindo no consumo de oxigênio, enquanto a Mochila Dupla parece levar a um menor estresse físico".

A maior dificuldade na utilização da Mochila Dupla está na falta de hábito dos carteiros em utilizá-la. "Seria preciso adaptar seu uso a uma série de situações do dia-a-dia, como entrar em ônibus ou passar por escadas muito apertadas", ressalta o pesquisador que é professor de educação física da Universidade Camilo Castelo Branco, em Descalvado (interior de São Paulo)

 Segundo ele, as mochilas devem ser submetidas a testes nas ruas, durante vários meses, para determinar com mais exatidão seus parâmetros biomecânicos e fisiológicos. A pesquisa, descrita em dissertação de Mestrado apresentada por Germano na EEFE, teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Mais informações: (0XX16) 9139-8867, com Germano Mongeli Peneireiro. Pesquisa orientada pelo professor Alberto Carlos Amadio

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