A distribuição dos médicos cirurgiões gerais é bastante desigual no país. Esse cenário deixa Mato Grosso entre as 17 unidades da Federação que apresentam índice abaixo da média nacional, que é de 20,89 cirurgiões para 100.000 habitantes. No Estado, essa razão é de 18,53 especialistas por 100 mil pessoas.
É o que revela a nova edição da Demografia Médica 2025, lançada no dia 30 de abril passado, pelo Ministério da Saúde. De acordo com a pesquisa, 678 cirurgiões gerais atuam em nível estadual. O Distrito Federal tem a maior concentração de especialistas nessa área em relação à população (50,72), seguido do Rio Grande do Sul (26,72), São Paulo (26,61) e Rio de Janeiro (25,45).
No outro extremo, estão Pará (8,73), Maranhão (9,40) e Acre (9,52). Os demais estados abaixo da média são Alagoas (12,57); Amapá (14,58); Amazonas (10,60); Bahia (14,33); Ceará (14,17); Paraíba (16,08); Pernambuco (16,07); Piauí (14,64); Rio Grande do Norte (14,08); Rondônia (17,14); Roraima (12,56); Sergipe (17,47); e Tocantins (17,67).
Geralmente, segundo o MS, onde foi constatada menor concentração de cirurgiões gerais, também encontrou-se a menor razão de anestesiologistas. Este é o caso de Mato Grosso, que conta com 407 profissionais, correspondendo a 10,24/100 mil pessoas, abaixo da média nacional, que é de 12,21/100 mil.
Outros exemplos são o Maranhão (3,72), Pará (4,58) e Acre (5,54).
O Distrito Federal (28,00), seguido pelo Rio de Janeiro (17,75), Rio Grande do Sul (14,85) e São Paulo (14,77), concentram boa parte dos anestesiologistas. Ao todo, Mato Grosso conta com 9.141 médicos, o que representa uma média de 2,38 médicos por 1.000 habitantes.
Contudo, quase a metade (4.296) está concentrada em Cuiabá, correspondendo a 6,29 médicos por 1.000 habitantes. O restante (4.845) está distribuído pelo interior mato-grossense. Do total, 52,9% são homens e 47,1% mulheres; 36,3% têm até 35 anos e 19,5% têm 55 anos ou mais.
Dos mais de 9,1 profissionais, 43,2% são generalistas e 56,8% especialistas. Neste último caso, o levantamento reforça a distribuição desigual no país, consequentemente, em nível estadual. Com 5.193 médicos especialistas, o Estado conta com 135,36 profissionais por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional, que é de 184,36/100 mil.
A maioria (2.731) está centralizada em Cuiabá, com 53,0/100 mil.
Os cirurgiões são exemplos dessa desigualdade regional na distribuição de médicos especialistas e reforçam um cenário preocupante, especialmente, considerando a importância dos profissionais para procedimentos de urgência, atendimentos hospitalares e tratamentos de doenças graves.
Essa carência tem impacto não só na qualidade do atendimento, mas também na capacidade do sistema de saúde de dar respostas rápidas à população.
Em nível nacional, o estudo mostra que 70% dos cirurgiões atuam nos dois setores, ou seja, público e privado.
Outros 20% trabalham exclusivamente no setor privado e 10% atuam apenas no Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto isso, 8% das cirurgias são canceladas por falta de equipe, principalmente de anestesistas.
Para o Ministério da Saúde, os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso às cirurgias pelo SUS e apontam uma forte concentração de especialistas na rede privada de saúde, muitas vezes em instituições que não prestam atendimento ao setor público.
Também os resultados da demografia médica são fundamentais para orientar estratégias de avanço na área da saúde e a ideia da pasta é aproveitar a capacidade instalada, muitas vezes ociosa, dos hospitais e ambulatórios privados.
“Para garantir o tempo adequado para o atendimento médico especializado, resolver problemas de diagnóstico e realizar cirurgias, nós precisamos dar um passo além na parceria com as estruturas privadas onde se concentram os médicos especialistas hoje”, defendeu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a divulgação dos dados.
A pesquisa Demografia Médica no Brasil é conduzida, há 15 anos, pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A edição de 2025 é a primeira realizada com o MS.
Os dados utilizados têm como base registros da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) e das sociedades de especialidades vinculadas à Associação Médica Brasileira (AMB).
Fonte: Joanice de Deus - Diário de Cuiabá