O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) detectou infecção de um laranjal com Morte Súbita do Citro (MSC) em Ibirá, a cerca de 50 quilômetros de Itápolis, uma região que ainda não tinha registrado ocorrência da doença. Outros dois talhões, no noroeste do Estado também apresentaram incidência da MSC. Agora são 23 municípios com a doença.
De acordo com o pesquisador e secretário executivo do Fundecitrus, Nelson Gimenes, "a situação está ficando preocupante". "A doença está se aproximando da região Central, onde estão as maiores produções de laranja do País", explica "Até agora, ela havia sido localizada em municípios do sudoeste do Estado e no Triângulo Mineiro."
Na semana passada, o grupo de 500 inspetores contratados pelo Fundeciturs, começou a trabalhar na varredura da MSC. Foram eles que encontraram talhões infectados em Cajobi e Ipiguá, no noroeste do Estado. "Em Ibirá, um grupo de funcionários, que realiza varredura contra cancro cítrico e MSC em 81 municípios, encontrou o talhão atingido", lembra Gimenes.
O trabalho dos inspetores começou na semana passada, depois que chegou a verba de mais de R$ 1 milhão do Ministério da Agricultura pura a realização da vistoria em 31 municípios do Norte do Estado. A previsão é que os 500 inspetores vistoriem, em dois meses, todos os talhões desses municípios.
UNIÃO
As novas descobertas de infecção da MSC preocuparam os pesquisadores. Na semana passada, reunidos em um workshop organizado pelo Fundecitrus, em Limeira, eles decidiram unir forças na busca de uma forma de combate à doença. Segundo Gimenes, os debates vão ser reunidos em um documento que será encaminhado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) com a solicitação de uma verba de R$ 5 milhões, que foi anunciada há cerca de um mês pela Secretaria Estadual de Agricultura. "As instituições públicas de pesquisa sempre trabalharam de maneira coordenada na busca do combate à doença", garante. "Mas agora unem-se na busca de recursos e também para aumentar a troca de informações."
Durante a reunião foi feita uma atualização dos principais resultados de pesquisa obtidos até o momento e foram traçados novos projetos de pesquisa sobre a doença.
Para Gimenes, o balanço foi positivo, pois houve evolução nas pesquisas de epidemiologia, área que investiga o desenvolvimento da doença; etiologia, que investiga o agente causal; e manejo, que visa o controle da doença. "Já sabemos como a doença se distribui nos talhões e como ela avança", explica. "Mas ainda não sabemos exatamente como é sua transmissão e qual a velocidade com que a infecção acontece."
A transmissão experimental de MSC por enxertia também é considerada uma conquista pelos pesquisadores por demonstrar a natureza infecciosa do agente causai da doença.
O grupo formado para o projeto de etiologia estudará a possibilidade do agente causai da MSC ser uma variação do vírus da tristeza e também investigará a hipótese de que outros vírus possam causar a doença. Também será pesquisado um método que permita o diagnóstico da doença. As pesquisas de epidemiologia serão ampliadas e aprofundadas para a descoberta do comportamento das plantas doentes nas diferentes condições de clima e de solo, além de tentar determinar o tempo de progresso da doença e avaliar os riscos de disseminação para as demais regiões citrícolas do Estado. Os possíveis vetores também serão alvo de estudo, quanto à sua dinâmica populacional e distribuição nos Estados de São Paulo e Triângulo Mineiro, bem como o efeito do seu controle na disseminação da MSC nos pomares. Para os pesquisadores que trabalharão com o manejo, o desafio será a seleção de novos porta-enxertos tolerantes à MSC.
A decisão foi pesquisar diferentes porta-enxertos do Brasil e do mundo para saber a tolerância e outras características agronômicas.
O grupo dividiu as tarefas e comprometeu-se a entregar à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) as três propostas de pesquisas até o final de outubro. O pedido será, provavelmente, encaminhado para o programa de Parceria de Inovação Tecnológica (PITE). No mês passado, o secretário Estadual da Agricultura Antônio Duarte Nogueira fez um pedido de liberação de verba para as pesquisas sobre morte súbita e a Fundação se propôs a avaliar os projetos. "Não sabemos se entraremos no PITE. A única certeza é que a diretoria da Fapesp está empenhada em colaborar no combate à MSC". ressalta o pesquisador e secretário executivo do Fundecitrus Nelson Gimenes.
Notícia
Tribuna Impressa