A ciência perdeu o historiador Shozo Motoyama, profissional dedicado à formação de pesquisadores e docentes e à história de instituições que promovem ciência e tecnologia.
Para o diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Luiz Eugênio Mello, Shozo teve uma contribuição fundamental para a preservação de aspectos relevantes da história e desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil.
“Conheci o Shozo a partir da referência do professor José Fernando Perez, que foi diretor científico da Fapesp há mais de 15 anos. Aprendi a respeitá-lo por tudo o que ouvi dele e pelo trabalho concreto que deixou, que é palpável. Ele emprestou sua relevância à Fapesp”, afirma o pesquisador.
Uma parte importante da atividade desenvolvida por Shozo foi dedicada à fundação.
Mais de 35 livros levam sua assinatura, junto com as de Amélia Hamburger, Marilda Nagamini e outros colaboradores. Shozo assina também mais de meia centena da capítulos em livros sobre a história da ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
Shozo era formado em física pela USP. Iniciou carreira acadêmica orientado por Mário Schenberg. Quando “seu padrinho” foi cassado pelo AI-5, foi então contratado pelo Instituto de Física e concluiu o doutorado em Ciências com uma tese sobre Galileu Galilei e a lógica do desenvolvimento científico. Na área da física, fez pós-doutorado no Japão.
Além de professor titular aposentado de História da Ciência do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, coordenou o Núcleo de História da Ciência e Tecnologia no Brasil da Unesco, foi secretário-geral da Sociedade Brasileira de História da Ciência e diretor do Centro Interunidade de História da Ciência da USP.
Filho de imigrantes, Shozo publicou livros sobre a imigração japonesa, foi diretor do Museu Histórico de Imigração Japonesa no Brasil e presidiu o Centro de Estudos Nipo-Brasileiros.
Membro-titular da cadeira de número 15 da Academia Paulista de História, foi homenageado em 2009 pela Sociedade Brasileira de História da Ciência e dois anos depois pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo.
Shozo Motoyama morreu no dia 26 de janeiro, aos 81 anos. Deixa a esposa, dois filhos e três netos, além de um importante legado para a memória científica nacional.
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