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Molécula sintética pode ser tratamento eficaz para insuficiência cardíaca (1 notícias)

Publicado em 17 de novembro de 2023

Por Nayra Teles

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Foresee Pharmaceuticals, desenvolveram uma molécula sintética, denominada AD-9308, capaz de melhorar a insuficiência cardíaca.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) , em parceria com a Foresee Pharmaceuticals, desenvolveram uma molécula sintética, denominada AD-9308, capaz de melhorar a insuficiência cardíaca. Os resultados do estudo foram publicados no European Heart Journal e destacados internacionalmente.

A insuficiência cardíaca é caracterizada por problemas de bombeamento do sangue pelo coração e afeta cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. Apesar de haver diferentes tratamentos, ainda não existe terapia que melhore significativamente os sintomas e recupere as funções do coração

O que é a AD-9308:

A AD-9308 é uma molécula sintética projetada para restaurar a atividade da proteína ALDH2, presente na mitocôndria e crucial no desenvolvimento da insuficiência cardíaca. Modificações estruturais foram feitas para potencializar seu efeito farmacológico, resultando em uma versão três vezes mais eficaz do que o protótipo Alda-1 – desenvolvido pela equipe anteriormente.

Como a nova molécula funciona?

A pesquisa, conduzida ao longo de mais de dez anos, revelou que a insuficiência cardíaca está relacionada ao mau funcionamento da mitocôndria. Os pesquisadores traçaram um paralelo ao motor de um carro para facilitar a compreensão.

A mitocôndria, quando comprometida, gera um composto chamado 4-hidroxinonenal — que pode ser considerado uma toxina, ou o poluente do carro —, prejudicando o processo de transformação de energia e desencadeando a insuficiência cardíaca.

Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e coordenador da pesquisa, explicou a comparação ao Jornal da USP

Quando o motor não funciona bem, o processo de transformação de energia é prejudicado, resultando em menor eficiência do veículo e, consequentemente, aumento da poluição.

A AD-9308 atua ativando a enzima ALDH2, melhorando o sistema de filtração das mitocôndrias e eliminando o 4-hidroxinonenal, preservando assim a função celular. Nos testes em animais, culturas celulares e amostras de tecido cardíaco humano, a molécula mostrou-se eficaz na restauração da atividade da enzima Dicer.

O professor da USP, explica em detalhes:

Neste estudo, desvendamos quais alterações químicas inativam a Dicer em roedores e em seres humanos em decorrência do acúmulo de aldeído [classe a qual pertence o 4-hidroxinonenal] na insuficiência cardíaca, um mecanismo até então desconhecido. A questão é que a Dicer é uma enzima muito importante para a formação e o amadurecimento de microRNAs, moléculas responsáveis pelo controle de toda a biologia celular.

Testes clínicos

Os testes clínicos de segurança da AD-9308 já foram concluídos, demonstrando boa tolerância em indivíduos saudáveis. O próximo passo envolve a submissão de um pedido a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos (FDA) para testes em humanos com insuficiência cardíaca, que exigirá mais voluntários e tempo.

Os pesquisadores destacam a importância da parceria bem-sucedida com a Foresee Pharmaceuticals e os resultados promissores que agora serão avaliados em humanos. O estudo proporcionou uma compreensão mais profunda do mecanismo relacionado à insuficiência cardíaca, revelando um potencial avanço terapêutico.

Fonte: Olhardigital

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